O que é uma fábula?
A fábula é uma narrativa alegórica em forma de prosa ou verso, cujo, as personagens são geralmente animais com características humanas, sustentam um diálogo, cujo desenlace reflete uma lição de moral, característica essencial dessa. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de presunçosos.
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Moral da história:Uma boa ação ganha outra.
Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.
Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada toda sorridente.
Moral da história: Devagar se vai ao longe!
Era uma vez um cão, que ia atravessando um rio; levava na boca um suculento pedaço de carne. Porém, viu na água do rio a sombra da carne, que era muito maior.
Prontamente ele largou seu pedaço de carne e mergulhou no rio para pegar o maior. Nadou, nadou e não achou nada, e ainda perdeu o pedaço que levava.
Moral da história: Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.
Moral da história: Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.
Um rato que morava na cidade, acertando de ir ao campo, foi convidado por outro, que lá morava, e levando-o à sua cova, comeram ambos cousas do campo, ervas e raízes.
Disse o rato da cidade ao outro: – Por certo, compadre, tenho dó de ti, e da pobreza em que vives. Vem comigo morar na cidade, verás a riqueza, e a fartura que gozas. Aceitou o rústico e vieram ambos a uma casa grande e rica, e entrados na despensa, estavam comendo boas comidas e muitas, quando de súbito entra o despenseiro, e dois gatos após ele. Saem os ratos fugindo. O de casa achou logo seu buraco, o de fora trepou pela parede dizendo:
-Ficai vós embora com a vossa fartura; que eu mais quero comer raízes no campo sem sobressaltos, onde não há gato nem ratoeira.
Moral da história: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato.
Numa tarde, andava um grande Touro passeando ao longo da água, e vendo-o a Rã tão grande, tocada de inveja, começou de comer, e inchar-se com vento, e perguntava às outras rãs se era já tão grande como parecia? Responderam elas: Não!!! Pensa a Rã segunda vez, e põe mais força por inchar; e aborrecida por faltar muito para se igualar o Touro inchou de novo, mas tão rijamente, que veio a arrebentar com cobiça de ser grande.
Moral da história: Não cobiçar as coisas alheias!
Um corvo que passeava pelo campo, apanhou um pedaço de queijo que estava no chão e fugiu, acabando por pousar sobre uma árvore.
A raposa observando-o de longe sentiu uma enorme inveja e desejou de todo, comer-lhe o queijo. Assim pós-se ao pé da árvore e disse: Por certo que és formoso, e gentil-homem, e poucos pássaros há que te ganhem. Tu és bem-disposto e muito falante; se acertaras de saber cantar, nenhuma ave se comparará contigo.
O corvo soberbo de todos estes elogios, levanta o pescoço para cantar, porém abrindo a boca o queijo caiu-lhe. A raposa apanhou e foi-se embora, ficando o corvo faminto e corrido da sua própria ignorância.
Moral da história: Não dês ouvidos a quem te inveja.
Editado por:(Jean de LA Fontaine)
Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro.
- Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo.
Ao que a cigarra respondeu:
- Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não nos falta... – respondeu a cigarra, olhando em redor.
A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal...
Um gato de nome Faro-Fino fez tais estragos na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem coragem para saírem das tocas, estavam quase a morrer de fome.
Tornando-se muitíssimo séria a situação, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram para isso, e certa noite em que Faro-Fino andava pelos telhados, fazendo versos à lua.
- Penso – disse um deles _ que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é atando-lhe um guizo ao pescoço. Assim, quando ele se aproximar, o guizo denuncia-o e fugimos a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito certo. Mas quem vai amarrar o guizo ao pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nós. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem.
E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
Tornando-se muitíssimo séria a situação, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram para isso, e certa noite em que Faro-Fino andava pelos telhados, fazendo versos à lua.
- Penso – disse um deles _ que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é atando-lhe um guizo ao pescoço. Assim, quando ele se aproximar, o guizo denuncia-o e fugimos a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito certo.
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nós. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem.
E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.
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A CEGONHA E A TARTARUGA
- Vou partir para as terras quentes do sul – declarou a cegonha com visível orgulho. – Desde que anunciaram tempos difíceis, não penso noutra coisa.
- Quem é que anunciou tempos difíceis? – perguntou a tartaruga num bocejo.
- O boletim meteorológico. Falaram de vento, chuva, frio, enfim só coisas desagradáveis. Eu, sempre que posso, fujo do que me aborrece.
- Foge?- perguntou a tartaruga.
- Bom, é uma força de expressão. Sabes que aproveito todos os pretextos para uma viagenzinha.
Certa de que despertaria inveja, a cegonha pôs-se a descrever as delícias que desfrutava nassuas deslocações:
- Oh! Levantar voo, bater asas, lançar-me à aventura! Hoje uma terra, amanhã outra… você sabe lá o que a gente encontra por esse mundo fora. Existem tantos animais!
- Imagino – respondeu a tartaruga.
- Não imagina, não. Ora diga-me, consegue fazer passar pela sua cabeça uma manada de bichos que parecem pacíficos e de trato fácil, mas que afinal são indomáveis e nunca nada nem ninguém conseguiu domesticar?
- São zebras.
Um pouco desconsolada, a cegonha insistiu:
- Quem é que anunciou tempos difíceis? – perguntou a tartaruga num bocejo.
- O boletim meteorológico. Falaram de vento, chuva, frio, enfim só coisas desagradáveis. Eu, sempre que posso, fujo do que me aborrece.
- Foge?- perguntou a tartaruga.
- Bom, é uma força de expressão. Sabes que aproveito todos os pretextos para uma viagenzinha.
Certa de que despertaria inveja, a cegonha pôs-se a descrever as delícias que desfrutava nas
- Oh! Levantar voo, bater asas, lançar-me à aventura! Hoje uma terra, amanhã outra… você sabe lá o que a gente encontra por esse mundo fora. Existem tantos animais!
- Imagino – respondeu a tartaruga.
- Não imagina, não. Ora diga-me, consegue fazer passar pela sua cabeça uma manada de bichos que parecem pacíficos e de trato fácil, mas que afinal são indomáveis e nunca nada nem ninguém conseguiu domesticar?
- São zebras.
Um pouco desconsolada, a cegonha insistiu:
- E um mastronço de pele dura como a sola, míope, neurótico e com um corno só?
- Nada mais fácil. É o rinoceronte.
- Como é que você, sem sair de casa, sabe estas coisas?
- É fácil. Tenho em casa muitos livros. Não me desloco, mas viajo pelos caminhos da leitura. Só preciso de óculos e de imaginação!
- Como é que você, sem sair de casa, sabe estas coisas?
- É fácil. Tenho em casa muitos livros. Não me desloco, mas viajo pelos caminhos da leitura. Só preciso de óculos e de imaginação!
Um Jabuti seguia uma vez distraído, pensando nas coisas da vida, por um caminho no meio do mato, quando esbarrou com uma velha e enorme Anta, enforcada num laço, que caçadores haviam armado. Mais que depressa principiou a roer a corda que prendia o pescoço do bicho, e depois de esconder a corda, num buraco, começou a gritar.
Dona Onça, que passeava na ocasião, foi ver o motivo por que tanto gritava o Jabuti. Jabuti disse que estava chamando todos para comerem a Anta que ele havia caçado.
Dona Onça, que passeava na ocasião, foi ver o motivo por que tanto gritava o Jabuti. Jabuti disse que estava chamando todos para comerem a Anta que ele havia caçado.
-" Queres que eu parta a Anta?" propôs a Onça.
-"Quero sim. Dividirás a metade para mim e a outra para ti", disse Jabuti.
-"Então, vá apanhar lenha para assarmos toda essa carne", retrucou a Onça.
-"Deixa estar, Onça velhaca, hás de me pagar algum dia esse desaforo!"
Saindo dali, andou por muitos dias seguidos. Ia pelo caminho pensando em como iria se vingar, quando encontrou um bando de macacos, em cima de bananeiras.
-"Olá, compadre macaco, atira uma banana para mim", disse o Jabuti.
_"Porque não sobes? Não és tão prosa, Jabuti?"
-"Vim de muito longe, estou cansado!"
-"Pois então eu trarei aqui para cima!"
-"Tudo bem, amigo Macaco!"
O Macaco desceu,e colocou Jabuti em cima de um galho na árvore.
Depois de três dias, apareceu a Onça que lhe havia enganado por causa da Anta.
-"Olá, Jabuti, como você subiu nessa árvore?"
A Onça, que estava com fome, disse:
-"Desce aqui , amigo Jabuti!"
-" Só se me aparares com a boca!"
A Onça abriu a boca e o Jabuti pulou em sua garganta, matando-a.
Então, o Jabuti saiu gritando:
-"Matei uma onça...matei uma onça!"
E foi procurando um lugar para se esconder.
Uma outra Onça que passava, ouviu-o e perguntou:
-" ´Jabuti, o que estás dizendo?"
-"Não é nada, Onça, é cá uma cantiga que sei!"
E correu para o buraco para se esconder.
Assim que chegou bem fundo, parou e disse:
-"Ó Onça, sabes o que eu estava cantando? E isto: matei uma Onça.Vá ver embaixo das bananeiras!"
A Onça correu para pegá-lo mas o Jabuti meteu-se pelo buraco, onde a Onça também introduziu a pata, segurando-o por uma das pernas.
-" O Onça, pensas que apanhaste a minha perna, mas seguraste uma raiz da árvore!"
A Onça largou a perna do Jabuti e retirou a pata do buraco.
-"Ó sua tola, foi a minha perna mesmo que seguraste. Agora, vai ver a tua parenta embaixo das bananeiras!"
A Onça ainda cavava um bocado, para ver se pegava o Jabuti, mas este já estava longe, porque o buraco era muito fundo.Desde esse dia, a Onça anda à procura do Jabuti para se vingar, mas ate hoje não o encontrou!
O PORQUINHO FUJÃO
O PORQUINHO FUJÃO
Era uma vez, um porquinho chamado Binho. Ele era muito comilão e vivia reclamando da pouca comida que recebia em casa.
Certa ocasião Binho foi jantar com seus pais e tornou a reclamar da pequena quantidade de comida que estava recebendo. Já muito zangado, seu pai falou alto com ele:
- Não está satisfeito,não está feliz? Então saia e vá trabalhar pra se manter!
Binho irritado, pegou alguns pertences e resolveu sair de casa.
- Vou mesmo e não volto mais…
Alguns dias se passaram e como Binho estava mal, sem conseguir trabalho e sem comer também, repensou sua atitude e resolveu voltar pra casa.
Lá chegando encontrou seus pais, e chorando disse:
- Papai, o senhor tinha razão, eu estava errado e me arrependo. Pois é muito melhor ter o pouco garantido todos s dias do que ficar pelas ruas mendigando e com fome.Nunca mais vou reclamar de nada!
E daquele dia em diante, Binho se tornou um porquinho obediente e muito mais feliz! Ele compreendeu que, por mais simples que seja, não existe lugar melhor no mundo que o nosso lar!
A BATALHA NA NEVE
Os coelhinhos gostam de ir ao jardim de infância,todo dia.Também com neve e gelo,pois movimentam-se e o frio então passa.
À noite nevou a de manhã tudo está coberto com uma grossa camada de neve.
À noite nevou a de manhã tudo está coberto com uma grossa camada de neve.
Os coelhinhos correm para fora.De tanta alegria alguns fazem cambalhotas na neve.
O que o coelhinho Puque está querendo ?
Ele faz bolas de neve e as joga nos outros.Logo os outros jogam de volta e já começa a maior batalha de bolas de neve.
Todos se mexem!
"Pega "! - " Agarra "! -" Aih "! - " Espera só "! - " Assim "! escuta-se pela mata.
Ele faz bolas de neve e as joga nos outros.Logo os outros jogam de volta e já começa a maior batalha de bolas de neve.
Todos se mexem!
"Pega "! - " Agarra "! -" Aih "! - " Espera só "! - " Assim "! escuta-se pela mata.
Bums ! Uma bola de neve acerta a cabeça de Pim." Huuu !
Ele começa a chorar.
"Não seja dengoso,Pim! " Alguém lhe bate amigavelmente nas costas." Em troca você pode me derrubar na neve ! "
"Não seja dengoso,Pim! " Alguém lhe bate amigavelmente nas costas." Em troca você pode me derrubar na neve ! "
Não é preciso repetir ,pois todos já estão participando da brincadeira outra vez.
Uma raposa passou embaixo de uma parreira carregada de lindas uvas.
Ficou com muita vontade de comer aquelas uvas que pareciam deliciosas.
Deu muitos saltos, tentou subir na parreira, mas não conseguiu.
Depois de muito tentar resolveu ir embora, dizendo:
— Eu nem estou ligando para as uvas. Elas estão verdes,mesmo!
No entanto, o vento soprou na parreira e algumas folhas caíram ao chão.
Rapidamente a raposa voltou correndo, farejando para ver se encontrava alguma uva espalhada pelo chão!
MORAL DA HISTÓRIA: QUEM DESDENHA QUER COMPRAR...
A PATINHA ESMERALDA
Meu nome é Esmeralda.
Antes de nascer, eu era assim, um ovo!
Depois de um tempo, quebrei a casca e saí de dentro e agora sou uma patinha.
Foi então que eu vi que tinha muitos irmãos patinhos. E todos eles gostam de banho de sol pela manhã. Eu também!
Então, eu fico com muita sede.Mas sou desastrada e muitas vezes caio na tigela ao tomar água.
Os patos gostam de se refrescar nadando no lago. É uma aventura muito divertida.
Certa vez, um ganso correu atrás de mim. Acho que os gansos não gostam de patinhos como eu.
Os patos adultos comem milho. Mas eu sou pequena, por isso, como farelo de fubá com água para não engasgar.
No final da tarde, mamãe pata fica contente ao ver seus filhotes em fila atrás dela, voltando para casa.
O ASNO E O CAVALO
La Fontaine
Um asno, de passos muito lentos, não estava mais suportando o pesadíssimo fardo que tinha de carregar todos os dias, por conta do trabalho de seu dono. Vendo seu amigo cavalo, que estava parado descansando, o asno falou:
- Amigo, podes dividir a carga, pois estou muito cansado! Se assim continuar, muito em breve morrerei!
O cavalo, sem dar confiança, respondeu:
-Nada tenho a ver com isso. O problema é seu!
E continuou no mesmo lugar, descansando.
Tempos depois, não suportando tanto peso e trabalho, morreu o burro.
Imediatamente, o dono do cavalo colocou toda a carga que era do burro, no lombo do cavalo, que quase não aguentava tanto peso. Era enormes sacas de arroz!
E foi assim que um, que se achava esperto, acabou bancando o otário, pagou um alto preço por não ter sido solidário!

Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda.
Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento.
A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo.
Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé?
Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho?
Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo?
Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos:
- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?
- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono.
- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado.
- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar.
Todo mundo disse não.
Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca.
Então a galinha ruiva disse:
- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?
Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.)
- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando.
E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.
Jean de La Fontaine
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Uma boa ação ganha outra.

(Hans Christian Andersen)
A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para fazer seu ninho: um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto do rio que contornava o velho castelo.
Mais adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim florido.
Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos.
Por fim, após a longa espera, os ovos se abriram um após o outro, e das cascas rompidas surgiram, engraçadinhos e miúdos, os patinhas amarelos que, imediatamente, saltaram do ninho.
Porém um dos ovos ainda não se abrira; era um ovo grande, e a pata pensou que não o chocara o suficiente.
Impaciente, deu umas bicadas no ovão e ele começou a se romper.
No entanto, em vez de um patinho amarelinho saiu uma ave cinzenta e desajeitada. Nem parecia um patinho.
Para ter certeza de que o recém-nascido era um patinho, e não outra ave, a mãe-pata foi com ele até o rio e o obrigou a mergulhar junto com os outros.
Quando viu que ele nadava com naturalidade e satisfação, suspirou aliviada. Era só um patinho muito, muito feio.
Tranquilizada, levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que viviam nos jardins do castelo.
Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um. O horroroso e desajeitado das penas cinzentas!
— É grande e sem graça! — falou o peru.
— Tem um ar abobalhado — comentaram as galinhas.
O porquinho nada disse, mas grunhiu com ar de desaprovação.
Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os bichos, inclusive os patinhos, perseguiam a criaturinha feia.
A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia vergonha e não queria tê-lo em sua companhia.
O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o bicavam a todo instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo.
Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o perseguiam.
Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns marrecos. Foi recebido com indiferença: ninguém ligou para ele. Mas não foi maltratado nem ridicularizado; para ele, que até agora só sofrera, isso já era o suficiente.
Infelizmente, a fase tranquila não durou muito. Numa certa madrugada, a quietude do brejo foi interrompida por um tumulto e vários disparos: tinham chegado os caçadores!
Muitos marrequinhos perderam a vida. Por um milagre, o patinho feio conseguiu se salvar, escondendo-se no meio da mata.
Depois disso, o brejo já não oferecia segurança; por isso, assim que cessaram os disparos, o patinho fugiu de lá.
Novamente caminhou, caminhou, procurando um lugar onde não sofresse.
Ao entardecer chegou a uma cabana. A porta estava entreaberta, e ele conseguiu entrar sem ser notado. Lá dentro, cansado e tremendo de frio, se encolheu num cantinho e logo dormiu.
Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar ratos, e de uma galinha, que todos os dias botava o seu ovinho.
Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho dormindo no canto, ficou toda contente.
— Talvez seja uma patinha. Se for, cedo ou tarde botará ovos, e eu poderei preparar cremes, pudins e tortas, pois terei mais ovos. Estou com muita sorte!
Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a perder a paciência. A galinha e o gato, que desde o começo não viam com bons olhos recém-chegado, foram ficando agressivos e briguentos.
Mais uma vez, o coitadinho preferiu deixar a segurança da cabana e se aventurar pelo mundo.
Caminhou, caminhou e achou um lugar tranqüilo perto de uma lagoa, onde parou.
Enquanto durou a boa estação, o verão, as coisas não foram muito mal. O patinho passava boa parte do tempo dentro da água e lá mesmo encontrava alimento suficiente.
Mas chegou o outono. As folhas começaram a cair, bailando no ar e pousando no chão, formando um grande tapete amarelo. O céu se cobriu de nuvens ameaçadoras e o vento esfriava cada vez mais.
Sozinho, triste e esfomeado, o patinho pensava, preocupado, no inverno que se aproximava.
Num final de tarde, viu surgir entre os arbustos um bando de grandes e lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço, delicado e sinuoso: eram cisnes, emigrando na direção de regiões quentes. Lançando estranhos sons, bateram as asas e levantaram vôo, bem alto.
O patinho ficou encantado, olhando a revoada, até que ela desaparecesse no horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito queridos.
Com o coração apertado, lançou-se na lagoa e nadou durante longo tempo. Não conseguia tirar o pensamento daquelas maravilhosas criaturas, graciosas e elegantes.
Foi se sentindo mais feio, mais sozinho e mais infeliz do que nunca.
Naquele ano, o inverno chegou cedo e foi muito rigoroso.
O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não congelasse em volta de seu corpo, criando uma armadilha mortal. Mas era uma luta contínua e sem esperança.
Um dia, exausto, permaneceu imóvel por tempo suficiente para ficar com as patas presas no gelo.
— Agora morrerei — pensou. — Assim, terá fim todo meu sofrimento.
Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido com a morte foi para as grandes aves brancas.
Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que passava por aqueles lados viu o pobre patinho, já meio morto de frio.
Quebrou o gelo com um pedaço de pau, libertou o pobrezinho e levou-o para sua casa.
Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças. Logo que deu sinais de vida, os filhos do camponês se animaram:
— Vamos fazê-lo voar!
— Vamos escondê-lo em algum lugar!

E seguravam o patinho, apertavam-no, esfregavam-no. Os meninos não tinham más intenções; mas o patinho, acostumado a ser maltratado, atormentado e ofendido, se assustou e tentou fugir. Fuga atrapalhada!
Caiu de cabeça num balde cheio de leite e, esperneando para sair, derrubou tudo. A mulher do camponês começou a gritar, e o pobre patinho se assustou ainda mais.
Acabou se enfiando no balde da manteiga, engordurando-se até os olhos e, finalmente se enfiou num saco de farinha, levantando uma poeira sem fim. br> A cozinha parecia um campo de batalha. Fora de si, a mulher do camponês pegara a vassoura e procurava golpear o patinho. As crianças corriam atrás do coitadinho, divertindo-se muito.
Meio cego pela farinha, molhado de leite e engordurado de manteiga, esbarrando aqui e ali, o pobrezinho por sorte conseguiu afinal encontrar a porta e fugir, escapando da curiosidade das crianças e da fúria da mulher.
Ora esvoaçando, ora se arrastando na neve, ele se afastou da casa do camponês e somente parou quando lhe faltaram as forças.
Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago, se abrigando do gelo onde encontrava relva seca.
Finalmente, a primavera derrotou o inverno. Lá no alto, voavam muitas aves. Um dia, observando-as, o patinho sentiu um inexplicável e incontrolável desejo de voar.
Abriu as asas, que tinham ficado grandes e robustas, e pairou no ar. Voou. Voou. Voou longamente, até que avistou um imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três aves brancas.
O patinho reconheceu as lindas aves que já vira antes, e se sentiu invadir por uma emoção estranha, como se fosse um grande amor por elas.
— Quero me aproximar dessas esplêndidas criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por todos.
Com um leve toque das asas, abaixou-se até o pequeno lago e pousou tranqüilamente na água.
— Podem matar-me, se quiserem — disse, resignado, o infeliz.
E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração entristecido deu um pulo. O que via não era a criatura desengonçada, cinzenta e sem graça de outrora. Enxergava as penas brancas, as grandes asas e um pescoço longo e sinuoso.
Ele era um cisne! Um cisne, como as aves que tanto admirava.
— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação.
Aquele que num tempo distante tinha sido um patinho feio, humilhado, desprezado e atormentado se sentia agora tão feliz que se perguntava se não era um sonho!
Mas, não! Não estava sonhando. Nadava em companhia de outros, com o coração cheio de felicidade.
Mais tarde, chegaram ao jardim três meninos, para dar comida aos cisnes.
O menorzinho disse, surpreso:
— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E correu para chamar os pais.
— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os pais.
E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo. Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa.
Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito, antes de alcançar a sonhada felicidade.

Um corvo pousou em uma árvore, com um bom pedaço de queijo no bico.
Atraída pelo cheiro do queijo, aproximou-se da árvore uma raposa.
Com muita vontade de comer aquele queijo, e sem condições de subir na árvore, afinal, não tinha asas, a raposa resolveu usar sua inteligência em benefício próprio.
__ Bom dia amigo Corvo!- disse bem matreira a raposa.
O corvo olhou-a e fez uma saudação balançando a cabeça.
__Ouvi falar que o rouxinol tem o canto mais belo de toda a floresta. Mas eu aposto que você, meu amigo, acaso cantasse, o faria melhor que qualquer outro animal.
Sentindo-se desafiado e querendo provar seu valor, o corvo abriu o bico para cantar. Foi quando o queijo caiu-lhe da boca e foi direto ao chão.
A raposa apanhou o queijo e agradeceu ao corvo:
__ Da próxima vez amigo, desconfie das bajulações!
Moral da história: Desconfie dos bajuladores, esses sempre se aproveitam da situação, para tirar vantagem sobre você.

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As Fábulas de La Fontaine são maravilhosas. Porém, Jean de La Fontaine também reescreveu muitos contos, enriquecendo-os com seu estilo tão peculiar!
Vamos conhecer mais Fábulas e mais Contos?
O VEADO E OS CÃES
Uma vez, um veado mirava-se no cristal de uma fonte.Achava bela a sua galhada, mas terrivelmente feias as suas longas pernas, que mais pareciam quatro fusos de torcer.
Nisto, surgiu um bando de cães. Tratou de fugir.Suas levíssimas pernas, logo o distanciaram bastante dos perseguidores. E, já escaparia, se, ao entrar na selva escura, sua bela galhada não ficasse presa nos galhos de árvores, o que permitiu chegassem os cães que o atacaram.
O veado, meio morto, maldisse a beleza sedutora da galhada de que tanto gabara e que lhe fora tão funesta.
O mesmo acontece conosco: maldizemos o que é útil e engrandecemos que é bonito e este, não raras vezes, nos arruína!
O MACACO E O DELFIM
Era costume, entre os gregos,levar em suas viagens cães e macacos. Uma vez, um navio, assim equipado, naufragou bem distante de Atenas. E todos morreriam, se um bando de golfinhos não os salvasse. Segundo afirma Plínio, em sua história, este animal é muito nosso amigo.
Um macaco muito sabido, para escapar do perigo, impingiu-se de homem. E o golfinho caiu na história! Estavam quase chegando, quando o golfinho perguntou ao macaco:
-Sois de Atenas?
Sim - respondeu-lhe o macaco. Sou ali muito conhecido. Se tendes negócios em Atenas, confiai-mo, porque meus amigos ocupam s cargos mais importantes do Estado.
O golfinho, muito agradecido, perguntou:
-Conheces o Pireu?
-Naturalmente; é um velho amigo meu!
O macaco dessa vez foi muito tolo, pois tomou o nome de um porto pelo de um homem.
O golfinho riu-se, voltou a cabeça e reparando que era um macaco, atirou-o nas águas e foi procurar algum homem para salvar.
Há muita gente assim, que, tagarelando, fala de tudo sem nada saber de profundo de coisa alguma!
O LEÃO ENAMORADO
Certa vez, um leão de alta estirpe, passeando pelo campo, viu uma pastora, que muito lhe agradou. No dia seguinte, foi pedi-la em casamento, O pai da moça não gostou muito da ideia, pois queria para a filha um marido menos feroz. Contudo, não podendo fazer desfeita, foi obrigado a aceitar.
A moça estava muito contente, pois lhe agradavam os valentões. Ao despedir-se do leão, o pai da pastora disse, com humildade:
-Minha filha é muito mimosa e acho que seria bom aviso se cortásseis as unhas para não arranhá-la com as carícias. E também limásseis os dentes, pois,assim, os beijos serão menos ásperos e muito mais gostosos e à minha filha agradarão mais.
O leão consentiu. Limou as unhas e os dentes.Mas eis que chega um bando de cães e o atacam e o leão, sem unhas e dentes, não pode resistir.
SEM DÚVIDA, QUANDO FICAMOS APAIXONADOS, PERDEMOS A NOÇÃO DE PRUDÊNCIA, TÃO NECESSÁRIA PARA A NOSSA GARANTIA!
Nisto, surgiu um bando de cães. Tratou de fugir.Suas levíssimas pernas, logo o distanciaram bastante dos perseguidores. E, já escaparia, se, ao entrar na selva escura, sua bela galhada não ficasse presa nos galhos de árvores, o que permitiu chegassem os cães que o atacaram.
O veado, meio morto, maldisse a beleza sedutora da galhada de que tanto gabara e que lhe fora tão funesta.
O mesmo acontece conosco: maldizemos o que é útil e engrandecemos que é bonito e este, não raras vezes, nos arruína!
O MACACO E O DELFIM
Era costume, entre os gregos,levar em suas viagens cães e macacos. Uma vez, um navio, assim equipado, naufragou bem distante de Atenas. E todos morreriam, se um bando de golfinhos não os salvasse. Segundo afirma Plínio, em sua história, este animal é muito nosso amigo.
Um macaco muito sabido, para escapar do perigo, impingiu-se de homem. E o golfinho caiu na história! Estavam quase chegando, quando o golfinho perguntou ao macaco:
-Sois de Atenas?
Sim - respondeu-lhe o macaco. Sou ali muito conhecido. Se tendes negócios em Atenas, confiai-mo, porque meus amigos ocupam s cargos mais importantes do Estado.
O golfinho, muito agradecido, perguntou:
-Conheces o Pireu?
-Naturalmente; é um velho amigo meu!
O macaco dessa vez foi muito tolo, pois tomou o nome de um porto pelo de um homem.
O golfinho riu-se, voltou a cabeça e reparando que era um macaco, atirou-o nas águas e foi procurar algum homem para salvar.
Há muita gente assim, que, tagarelando, fala de tudo sem nada saber de profundo de coisa alguma!
O LEÃO ENAMORADO
Certa vez, um leão de alta estirpe, passeando pelo campo, viu uma pastora, que muito lhe agradou. No dia seguinte, foi pedi-la em casamento, O pai da moça não gostou muito da ideia, pois queria para a filha um marido menos feroz. Contudo, não podendo fazer desfeita, foi obrigado a aceitar.
A moça estava muito contente, pois lhe agradavam os valentões. Ao despedir-se do leão, o pai da pastora disse, com humildade:
-Minha filha é muito mimosa e acho que seria bom aviso se cortásseis as unhas para não arranhá-la com as carícias. E também limásseis os dentes, pois,assim, os beijos serão menos ásperos e muito mais gostosos e à minha filha agradarão mais.
O leão consentiu. Limou as unhas e os dentes.Mas eis que chega um bando de cães e o atacam e o leão, sem unhas e dentes, não pode resistir.
SEM DÚVIDA, QUANDO FICAMOS APAIXONADOS, PERDEMOS A NOÇÃO DE PRUDÊNCIA, TÃO NECESSÁRIA PARA A NOSSA GARANTIA!
A ÁGUIA, A PORCA E A GATA
No alto de uma árvore oca, uma águia acomodou a ninhada. Junto ao tronco uma porca morava com seus filhotes e entre ambas, uma gata com os seus.
Mas a gata era intrigante e quis destruir a boa harmonia reinante entre as vizinhas e um belo dia, disse à águia:
-Cara vizinha, não está muito longe o dia em que a morte leve todos os nossos filhos. Pois não vê a porca a cavar uma mina no tronco da árvore? Qualquer dia, esse carvalho vai por terra e, então, será a ruína de nossos filhotes.
Desceu e foi à porca:
-Vizinha amiga - e em voz baixa- não deve você se afastar nem por um instante. Seus filhos correm perigo. A águia só espera que você saia para baixar sobre os seus leitõezinhos. Guarde segredo do meu aviso, senão sua cólera recairá sobre mim!
Após haver despertado o medo e o terror nas duas vizinhas, recolhei-se à toca.
Tanto a águia como a porca não se atreveram a sair de perto de suas ninhadas e passaram-se horas, passaram-se dias, se que elas tivesse ânimo de deixar os filhotes por um momento sequer. Não podendo ir buscar alimentos, enfraqueceram os filhos e elas e todos acabaram morrendo por inanição.
Quer o Sr. de La Fontaine mostrar, com essa fábula que, como uma intriga pode provocar uma grande desgraça. E que como são perigosos os intrigantes!
O GATO E OS DOIS PARDAIS
Um gato era contemporâneo de um pardal muito novo, pois vivera ao lado desse dede o berço. A gaiola e o cesto tinham os mesmos deuses do lar. O gato era muito provocado pelo pássaro. Um esgrimia com o bico e o outro brincava com as patas. Mas o gato tinha sempre o cuidado de poupar o amigo, não o corrigindo senão pela metade, pois evitava feri-l0 com as garras. O pardal já não era tão circunspecto e dava-lhe muitas bicadas.
Contudo, o gato, como pessoa discreta que era, perdoava tais brincadeiras, pois entre amigos não convém levar as coisas até os extremos, nem deixar-nos arrastar pela cólera. Como ambos se conheciam desde tenra idade, um longo convívio os mantinha em paz e nunca as brincadeiras se tornavam um combate.

Mas eis que, um dia, veio visitá-los um pardal da vizinhança, o qual se fez amigo do primeiro e do gato. Mas deu-se uma desavença entre os dois pássaros e o gato tomou logo um partido:
- Este desconhecido - disse ele - vem fazer-nos da boa; insulta assim meu amigo, o pardal e quer come-lo! Ah, isso não, por todos os gatos!
E entrando na luta, devorou o estranho.
-Na verdade- disse o Mestra Gato- os pardais tem um gosto esquisito e delicado!
Essa reflexão fez com que devorasse também o outro.
Diz La Fontaine: " Não sei que moralidade posso tirar desse fato e sem ela, a fábula é uma obra imperfeita. Creio descobrir alguns traçs,,,mas a sua obscuridade me atrapalha. que o Principe vai Creio que seja isso:
- um mau hábito adquire-se facilmente: basta começar a prática. Também em muitos se revela uma vocação quando iniciam alguma coisa. É como o despertar de algo que dormia em nós!"
A GARÇA
Um dia, pela margem de um rio, passeava uma bela garça. Olhando o azul profundo das águas viu duas carpas que, alegremente, brincavam. Com toda a facilidade poderia agarrá-las com seu comprido bico, porem, como não sentia fome, não se deu a tal trabalho. Daí a algumas horas, porém, a fome bateu. Voltou ao mesmo lugar, mas não encontrou mais as carpas, as sim tencas.
- Eu, uma garça real, comer tencas?- pensou consigo mesma - de jeito nenhum!
E esperou mais algum tempo. Surgiram outros peixes, mas nenhum lhe agrafava. E, com ar de desdém, continuava a esperar por algo melhor. E o tempo passou e a fome cresceu cada vez mais e chegou a tal ponto que, a presunçosa garça contentou-se e comer uma mera lesma e ainda se deu por muito feliz por encontrar tal alimento.
Quem muito quer ganhar e despreza os pequenos ganhos, acaba por tudo perder e contentar-se com migalhas!
O GALO E O FALCÃO
Certo cozinheiro, possuidor de um belo galo, resolveu, um dia, comê-lo num lauto banquete oferecido aos amigos.
Vai ao galinheiro e chama pelo galo.
O galo, que era esperto, fingiu não ter ouvido o chamado do cozinheiro. Naquele momento, passava um falcão que, vendo o galo fingir-se de surdo ao apelo do dono, assim lhe disse:
-Não ouves o teu dono te chamar, ave estúpida?
O galo respondeu:
-Não farias essa pergunta, se tivesses visto morrer tantos falcões quantos galos eu vi, assados depois!
Muitas vezes é uma voz traidora que nos chama; por isso, não devemos responder.
Era a época em que o pavão muda de penas; uma gralha apanhou-as e com elas adornou-se.
Depois, muito envaidecida, apresentou-se entre os pavões, julgando-se uma bela personagem.
Um deles logo percebeu quem era, e viu-se a gralha escarnecida, apupada, vaiada e finalmente, depenada de modo insólito pelos pavões.
Voltou para junto das companheiras, de bico caído, mas foi por elas enxotada.
Há muitas gralhas que se pavoneiam com o que é dos outros, como os plagiários. Como, também, há muita gente que veste de pavão, mas não deixa de ser gralha.
O GATO VELHO E O RATO NOVINHO
Um camundongo novo e pouco experiente, preso às garras de um velho gato, julgou poder convence-lo, implorando-lhe clemência:
-Deixai-me viver, Sr.Gato. Um camundongo do meu tamanho e com a despesa que faz, seria uma carga para esta casa? Mataria eu de fome, no vosso parecer, a dona da casa me sustentar; uma noz me poe gordo. Agora estou magro: esperai mais um pouco. Reservai esse petisco para os senhores vossos filhos.
Assim falava ao gato pobre camundongo.
- Tu te enganaste. É então a mim que se dirigem tais lamúrias? Ganharias tanto como se falasses a surdos. Gato e velho, vai lá perdoar! Jamais tal coisa aconteceu. Segundo as leis, vem para o meu bucho e vai discursar lá dentro. Meus filhos encontrarão muitos outros outros petiscos.
E cumpriu o que disse.
E eis para essa fábula o sentido moral que lhe convém:
A mocidade gaba-se e crê tudo alcança; mas a velhice é implacável.
O Cavalo e o Lobo
Depois de um rigoroso inverno, surgiu, afinal, a primavera e os campos reverdeceram outra vez. O lobo, que curtira durante a estação fria, dura fome, saiu em busca de alimento.
Subitamente viu, num prado verdejante, gordo e belo cavalo a pastar, que lhe dobrou o apetite.
-Que magnifico petisco! Mas, infelizmente, ele é forte e, para vencê-lo, deverei usar de astúcia.
E, meditando sobre as armas do arsenal de astúcias, aproximou-se a passo lento e majestático do luzidio cavalo.
Este, que já conhecia Dom Lobo, e que sabia das suas manhas, preparou-se para qualquer eventualidade. Dom Lobo, buscando mais macio tom de voz que possuía, dirigiu-se ao cavalo nestes termos:
-Bom dia, Senhor Cavalo, desejo apresentar-me: sou médico e, sem querer gabar-me, tenho feito curas por muitos julgadas milagrosas . Ao vê-lo pastar livremente neste prado, conclui logo, como ensina a minha ciência que deve estar doente.E é de meu dever oferecer-lhe os préstimos da minha arte.
O cavalo percebeu bem astuciosa manobra do lobo e aproveitou-se da situação para dizer-lhe:
-Realmente, caro Senhor Médico, ando doente. E bem doente. Tenho um tumor nas patas traseiras, que é uma verdadeira tortura para mim.
Imediatamente, o lobo respondeu:
-Isso é comuníssimo: tumores nas patas.Também sou cirurgião e tenho grande habilidade em resolver casos como seu.
- Ótimo! - exclamou o cavalo.- Faça, então, o obséquio de verificar.
Enquanto o lobo se aproximava das patas para examiná-las, aproveitou-se cavalo para dar-lhe um par de coices, que lhe esborracharam o focinho.
O lobo, muito ferido, fugiu esbaforido.
Boa lição essa! O lobo fazendo papel de médico enquanto não passava de um simples carniceiro. É uma boa lição para todos que querem se fazer passar pelo que na realidade não são. O premio é quase sempre um par de coices.
O GALO E A PÉROLA
Certa vez, um galo esgaravatava a terra, à procura de alguma cisa que lhe matasse a fome insaciável, mas eis que achou uma linda pérola.
-Que linda ! - disse para consigo. Mas, entregou-a ao primeiro joalheiro que encontrou.
-Sei que é muito fina e de valor, mas um grão de milho, pequenininho que fosse, me seria mais proveitoso.
Quantos, na vida, trocam por muito pouco o que vale muito. Cuide cada um de não dar em troca o mais pelo menos.
O BURRO VESTIDO COM PELE DE LEÃO
Um burro, que fugira de seu dono, um moleiro, encontrou na floresta a pele de um leão. Aproveitou achado e vestiu-a. Por toda a parte o fanfarrão aparecia como um feroz leão e por todos era temido. Tanto os homens como os animais o respeitavam, e fugiam logo que o percebiam.
Mas, uma das pontas da orelha ficara para fora e,por acaso, o moleiro percebeu-a, descobrindo, com isso, o truque. Deu uma coça no burro e depois de ter retirado a pele de leão, colocou-lhe os arreios e montou nele.
O mesmo acontece entre os homens. Muitas pessoas são uma coisa e parecem outra.Tirando-lhes a máscara, aparecem tal qual na verdade são.
O RATO ANACORETA
Tendo conseguido salvar-se das unhas afiadas de um gato, um pequeno rato procurou asilo num rico armazém de uma mercearia. Havia grandes colunas de queijo parmesão. Atraído pelo cheiro, foi trepando as saltos de queijo em queijo, até um que se achava perto do teto.Lá, começou a roer, e, pouco tempo depois, fez um buraco que lhe servia, não só de cubículo como também de sustento. Vida regalada ia levando, ora dormindo, ora comendo.
E,assim, sem trabalhos e sem cuidados, ia passando o tempo.
- Do mundo -dizia - estou desenganado e quero expiar minhas culpas!
Que pensar de tal ratinho? Vivendo às custas dos patetas, sob falsas roupagens de santo, muitos procuram o caminho da salvação de pança cheia!
Relatam que, em tempos recuados, a novilha, a cabra e a mansa ovelha fizeram uma sociedade com o Senhor Leão. Teriam de comum os lucros e as perdas. Conseguiu a cabra apanhar um veado e os sócios logo são chamados para receberem o seu quinhão. O leão, contando por suas unhas, disse:
- Somos quatro que temos direito!
Ao dizer isso dividiu a presa em quatro partes. Tomou da primeira e disse:
- Deve ser para mim, porque sou o leão e isso ninguém pode me contestar.
A segunda também me pertence por direito, pois é o direito do mais forte.
Exijo a terceira, porque sou mais valente e se alguém desejar a quarta, será despedaçado por mim!
Eis uma boa lição do Sr. de La Fontaine para os pequenos que se associam com os poderosos, pois pouco ou nada lhes sobrará!
Um leão, terror das florestas, vencido pelos anos e lamentando-se da sua antiga valentia foi, afinal, atacado por seus vassalos, que se tornaram fortes pela fraqueza do seu rei.
Um dia, sele se aproximou o cavalo e deu-lhe uma patada; o lobo, uma dentada, o boi, uma chifrada...O pobre leão, debilitado pelos anos, triste, cansado, mal pode rugir.
Finalmente, espera o seu destino,sem mais uma queixa, quando vê chegar à sua caverna um burro.
Ah! Isso é demais! - disse ele. Estava resignado a morrer, mas é morrer duas vezes sofrer a afronta de um burro.
Ai dos poderosos quando a força lhes falta. Até os burros lhe querem dar coices...
O LOBO E A CEGONHA
Ora, todos sabem que o lobo come gulosamente. Estando um deles em grande festança, comia com tanta gana, quando de repente, pensou que ia perder a vida: um osso se lhe atravessara na garganta. Não podia gritar, mas, por sua sorte, passou por perto uma cegonha.
O lobo fez sinal, desesperado e ela, acudiu. E graças ao seu bico comprido, extraiu o osso e em seguida, face ao ótimo resultado, pediu a paga, o que era justo.
- Paga? Paga! - diz o lobo. - Você está brincando, comadre.Pois já não o bastante ter você retirado, são e salvo o osso de minha garganta? Vá-se embora; você é uma ingrata. Fuja da minha presença, para não cair nas minhas garras.
O lobo é, sem dúvida, ingrato. Mas que outra gratidão poderíamos esperar de lobos? Também só com um osso atravessado na garganta,seria capaz de poupar as suas vítimas.
O CORVO E A RAPOSA
Mestre Corvo, pousado em uma árvore, tinha preso ao bico um queijo. Mestre Raposa, atraída pelo cheiro, acudiu depressa, e dirigiu-lhe um discurso manhoso e lisonjeiro:
- Bom dia, Senhor Corvo, como sois belo! Que lindas plumas! Na verdade, se vosso gorjeio assemelha-se à vossa plumagem, vós sois a fênix dos habitantes destes bosques.
A estas palavras, o Corvo, impando de vaidade, não cabe em si de alegre; e, para mostrar a sua bela voz, escancara o bico e deixa cair por terra o queijo, que a Raposa, sôfrega, logo dele se apodera.
- Meu bom senhor, ficai sabendo que todo adulador vive à custa daquele que escuta. Sem dúvida, essa lição vale bem um queijo!
A Raposa vai embora e o Corvo fica lamentando a sua sorte.
Quem acredita em bajulação, entra no mundo da ilusão!
♥♥♥
Fábulas...fábulas...e mais fábulas!
Que mundo maravilhoso esse...
O que faz o supremo encanto de La Fontaine como fabulista, o que constitui a sua imensa superioridade sobre todos os que antes e depois dele trataram este gênero, não é de certo a originalidade, porque raríssimas serão as fábulas cuja ideia não houvesse encontrado e Esop e em Fedro, nos fabulários da meia idade ou os contos italianos. não é também a beleza excepcional do estilo, nem a pureza da metrificação bastante desleixadas às vezes. O que constitui o seu encanto supremo é a vida potente que ele sabe dar a todos esses animais que se movem no imenso tablado da natureza, que falam a linguagem que ele lhes presta, obedecendo a paixões que ele lhes atribui. É que os seus personagens tem a um tempu a verdade humana e a verdade zoológica, não essa verdade ilusória, essa verdade que não é verossímel, essa verdade de empalhador zoológico que faz da borboleta o símbolo da constância, da rola a imagem da volubilidade.
Jean de La Fontaine escreveu verdadeiramente a Comédia Humana dos animais. O cão, a raposa, o lobo, o leão, o rato, o gamo são os Gobseck e os Rastignac e os Rubempré que reaparecem a cada instante em cada fábula contada.
Podemos encontrar o despótico leão, esse Luis XIV da fábula, que entra também de chicote em punho no parlamento animalesco e se deixa embair pela raposa cortesã e matreira como um Dangeau da corte leonina, e o estouvado ratinho, e o Monsieur da Corbeau, vaidoso como um pintinho alegre nos jardins de Versalhes.
Alguns críticos , escritores de pequenos artigos, querem provar que La Fontaine era um detestável naturalista, que não conhecia os hábitos dos animais que punha em cena. Tudo isso apenas apenas prova que são eles quem não compreendem muitas vezes o pensamento do grande fabulista. Um desses críticos foi o Sr. Paulo de Rémusat.
Não vamos estranhar, ao analisar a fábula da Cigarra e da Formiga, que esse bichinho fosse retratado como avarento, quando a formiga é, pelo contrário um animal caridoso e socorredor, possuindo no mais alto grau o sentimento da solidariedade! A formiga de La Fontaine é uma burguesa honesta,que lida de verão e de inverno, que cuida de si, do seu marido e dos seus filhos, do arranjo de sua casa e que recebe furiosa aquela cigana das cigarras, aquela cantadeira de estio, aquela artista de vida alegre, que parece não compreender o que a vida tem de sério e de austero, os santos deveres do trabalho e da família. É por isso que, de mãos na cintura, tendo acabado de dar farta esmola às formigas mais pobres, declara à aventureira que não há para ela pequeninos insetos na dispensa. E note-se que La Fontaine faz com que a cigarra seja repelida expulsa por uma fêmea do formigueiro e não por um macho. Os machos são indulgentes em geral para essas cantoras da vida airada, mas as fêmeas tem uma aversão profunda pelas artistas que passam a vida a cantar, enquanto elas se consomem no trabalho incessante, na luta diária da casa e da família.
Não foi La Fontaine que não compreendeu as formigas, foi o crítico que não compreendeu o poeta.
PINHEIRO CHAGAS
A RAPOSA E O BUSTO
Os grandes, em sua mair parte, são meras máscaras teatrais. E são máscaras que se impõem ao público idólatra. O burro não sabe julgá-las, a não ser pela exterioridade. Mas, a raposa, pelo contrário, examina-a ao fundo e esquadrinha-as cuidadosamente. E quando percebe que tudo não é mais do que aparência, lança-lhe a sentença que um busto de herói lhe fez pronunciar certa ocasião.
Era um busto oco e maior que o natural. A raposa, elogiando a escultura bem acabada, disse:
- Bela cabeça, mas não te miolos!
E, quantas pessoas famosas são apenas como estes bustos...
O BURRO E O CÃOZINHO
Veja o que aconteceu com um burro que quis agradar o dono, fazendo-se de mimoso.
Com notara que o cãozinho era acariciado por todos da casa, imaginou que, se procedesse do mesmo modo, também seria estimado.Não atentou, entretanto, para a tremenda diferença de raça.
Um dia, em que os donos da casa se mostravam alegres, entrou na sala, zurrando e levantou a pata até o queixo, muito afetuosamente. Que grande espanto e que reboliço. Mais do que depressa acudiu o empregado e, com uma boas bastonadas no lombo do burro tolo, pôs fim à brincadeira.
Nunca devemos forçar o nosso talento. Quem não nasceu com graça, que não se meta a engraçado.
O CÃO DESORELHADO
Um cão novo e possante gania de tristeza pela perda das orelhas que o dono cortara.
-Que fiz eu para ficar assim mutilado? - dizia ele- Como usarei aparecer diante de meus companheiros com esta cara?
Com isso ele pensava ter perdido, quando, na verdade, só ganhara. Mais tarde, pulou de contentamento ao ver quantos benefícios a falta de orelhas lhe trouxera. Acostumado a investir contra seus iguais, esta seria uma das partes mais afetadas nas brigas. Cão briguento tem sempre as orelhas e frangalhos.
A verdade é que sempre devemos deixar o mínimo possível de regiões ao alcance de nossos inimigos.
A PERDIZ E OS GALOS
Vivia uma perdiz entre certos galos, de índole turbulenta e pouco cortês.
Esperava, devido ao seu sexo, muita gentileza da parte deles, que haviam sido muito hospitaleiros. Entretanto, muitas vezes, recebia horríveis bicadas, o que demonstrava o pouco respeito que lhe devotavam. A princípios, aborreceu-se seriamente; mas, depois, vendo-0s baterem-se entre si e ferirem-se mutuamente, ficou consolada.
-É costume deles - disse ela. -Não os acuso, mas sim os lastimo. Júpiter não formou todas as índoles iguais. Se dependesse de mim, eu passaria o resto da minha vida entre os meus iguais.
O CÃO QUE LEVAVA O JANTAR DO DONO
Um cão levava o jantar do dono preso a coleira. Passou-lhe perto um mastim e quis-lhe tomar o jantar. Não conseguiu realizar seu intento, pois o cão valente se mostrou, defendendo-se com unhas e dentes. Mas surgiu um bando de cães vira-latas, famintos e vagabundos.
Vendo o jantar em perigo, mas percebendo também que não podia se defender, disse aos companheiros, com bons modos:
-Nada de brigas, senhores. Meu bocado me basta; vós podeis vos regalar com o restante!
Cada um atirou-se ao seu pedaço e nada sobrou do jantar.
Esse cão é semelhante ao funcionário zeloso, que arrecada escrupulosamente os bens da nação, mas, quando outros interveem para do bolo tirar suas vantagens, não querendo passar por tolo, é o primeiro a roubar!
O CAMELO
O primeiro homem que viu o camelo, fugiu espavorido, um animal tão imenso, de lombo tão estranho.
O segundo homem, aproximou-se e o terceiro, ao ver que ele era manso, preparou um cabresto, montou-lhe e pôs a carga em cima.
O que nos acostumamos a ver termina por se nos tornar familiar. O que nos apavora, à primeira vez, pela repetição acaba sendo comum.
E, para enriquecer a sua fábula, conta-nos o Sr. de La Fontaine que, certa vez, um grupo de pessoas viu um objeto no mar. A princípio, pensaram que fosse um navio, depois diziam que era um barco médio, para depois aceitarem que era uma canoa e finalmente concluírem que nada mais era do que um feixe de paus, flutuando sobre as águas.
Há muita gente no mundo para a qual o que está a distância parece alguma coisa de grande, mas que pouco ou nada é quando vista de perto.
A CARANGUEJA E A FILHA
Dona Carangueja, um dia, vendo o modo feio com que a filha andava, assim lhe falou:
- Minha filha, que andar é esse? Por que não anda direito?
A filha retrucou-lhe:
- Mãe, como é que a senhora anda ? Por que andarei diferente de minha família? Quer que eu ande direito quando todos andam tortos?
E tinha razão. A força do exemplo familiar é universal!
A RAPOSA DERRABADA
Uma raposa, bem astuta, como sempre elas o são, grande comedora de frangos, viu-se, certa vez, presa numa armadilha. Mas teve afinal sorte, porque apenas ficou presa pelo rabo, que ela roeu até safar-se.
Mas, como apresentar-se às companheiras sem aquele apêndice, que é peculiar à raça? Era preciso inventar alguma coisa que a salvasse.
E, ao chegar às companheiras, que estavam em assembleia, aproveitou-se da ocasião e, usando da palavra, pôs-se a dizer:
-Caras amigas. Irmãs! Como sabem, tenho viajado muito e percorrido muitas terras. O que me impressionou foi verificar que os cães, ultimamente, dispensaram esse apêndice desagradável, que é o rabo.Já não o usam mais. E é uma ideia magnífica. `Pois, para que precisamos dele? Só nos atrapalha! No inverno, causa-nos muito frio e, com ele, andamos varrendo os cam,inhos enlameados. Convém, portanto, que o cortemos de uma vez e sigamos a moda, pois, quando é útil, não se deve discuti-la.
Mas outra raposa, tão astuta quanto ela, replicou:
- O vosso conselho é bom. Mas, fazei-me o favor de voltar-vos e então responderemos.
A essas palavras, todos rodearam a raposa e viram-na derrabada. Soou uma vaia geral e tão grande, que a raposa se pôs a correr tanto quanto lhe permitiam as patas.
Assim são muitos, na vida que, quando lhes falta alguma coisa, pretende que ela seja geral e falte a todos. Os desonestos e os patifes pregam a desonestidade e a patifaria, com o intuito de justificar o que são. Olhem à volta e quanta raposa derrabada anda por aí...
-
OS ZANGÕES E AS ABELHAS
Tendo sido encontrados alguns favos de mel sem dono, surgiu uma briga entre os zangões, que os reclamavam para si e as abelhas, que afirmavam que eram as donas.
Como não havia meio de solucionar tal contenda, resolveram levar o caso a uma certa vespa. Mas, quando este caso chegou às máso dela, viu-se uma séria dificuldade, pois enquanto algumas testemunhas depunham dizendo que tinham visto, ao redor de certos favos, animais de forma alada, igual as abelhas, de tamanho um pouco longo e de cor parda, igual às abelhas, outros diziam que estes sinais também o eram dos zangões, pois ambos pouco se distinguem entre si.
A vespa, que era o juiz do caso, não sabia para que lado optar e resolveu fazer um novo e mais rigoroso inquérito. Desta vez, um grande número de testemunhas foi ouvido, mas, mesmo assim, o caso continuou insolúvel. Já havia muitos que estavam ficando nervosos com a demora da solução, até que uma abelha, ,ais sensata e corajosa, aproximou-se e disse:
- Mas para que serve tudo isso? O litígio continua e faz fazem seis meses que permanecemops nesse pé. Acontece que, com todo este perder de tempo, o mel está se estragando. Em vez de tanto falar e brigar, será melhor trabalharmos. Façamos o seguinte: vamos nós, abelhas, construir favos tão bem fabricados como estes, que estão na contenda e um suco tão doce como aquele e, por seu lado, os zangões vão fazer o mesmo e veremos quem consegue fazer melhor.
Mas, como os zangões recusassem tal empresa, era evidente que estes não o saberiam fazer e nem tinham capacidade para tal. A vespa, ao ver tal recusa, deu o mel às abelhas, pois estas tinham aceito o desafio.
Prouvera Deus que se regulassem assim todos os processos: o que seria melhor para todos. Com o simples bom senso comum saberíamos guiar-nos, sem precisar de códigos. Não haveria tanta necessiadade de perder-se tempo, contendas e disputas. Faz-se tanto esforço e , afinal, a ostra é para o juiz e as conchas para os contendores.
A LEBRE E AS RÃS
Uma lebre estava a cismar. E que outra coisa pode fazer senão cismar? E meditava sobre a sua desgraça. Afinal de conytas, estava desgostosa com o seu medo. O temor a consumia dia e noite, pois tudo a amedrontava. Dizia para si mesma que as pessoas de natureza medrosa são infelizes. Não podem comer regaladamente um bocado que lhes agrade. Nunca tem um prazer puro, porque qualquer temor as sobressalta.
- Vivo dominada por esse temos maldito - lamentava-se ela._Quero corrigir-me, mas não consigo. Para mim, estou certa, os homens tem tanto medo como eu.
Assim raciocinava a nossa lebra, quando, subitamente, ouviu um leve ruido. Foi o bastante para fugir em busca da toca. Mas, ao correr, estaca, porque se encontrou à beira de um pântano. Ao vê-las, as rãs saltaram, amedrontadas para dentro d'água e esconderam-se em suas grutas profundas.
_ Ora vejam! _ exclamou para si, cheia de contentamento. _ Eo obrigo os outros a fazerem o mesmo que eu faço! A minha presença tamb´wm assusta aos outros! Todo o acampamento das rãs se pôs de alarma. Tremeram ante mim e fugiram! Eu sou um raio de guerra!
Não há nenhum poltrão nesta terra que não possa achar um outro mais poltrão ainda.
AS RÃS QUE PEDEM REI
As rãs,que viviam em democracia, cansaram-se do regime e resolveram mudá-l0. Ergueram seus coaxos até Júpiter, pedindo-lhe que instaurasse o poder monárquico, o poder de um so rei e único senhor. Júpiter atendeu-as e mandou do céu um rei pacífico, que quase caiu com grande estrondo na água do pântano , o que fez correr e fugir a timida, medroa e covarde gente do lugar. De trás dos juncos, dos buracos, temerosas, punham-se a olhar o gigante imenso, como lhes parecia. Mas, na verdade, era apenas um tronco de madeira, cuja gravidade lhes metera medo a principio.
Uma lhe tocou. E como ele permanecesse impassível, as outras rãs foram-se aproximando até que, em pouco tempo, pulavam, saltavam sobre ele. Mas o rei nada fazia. Permanecia sempre imóvel.
Lá se ergueram outra vesz as súplicas a Júpiter:
_ Dá-nos, exclamavam as rãs, um rei que se mexa!
Então, Júpiter mandou-lhes um grou. Mas o grou gosta de rãs e pôs-se a devorá-las, ora uma, ora outra, até saciar-se, para prosseguir no outro dia a mesma faina.
As rãs levantaram seus lamentos coaxantes a Júpiter. E, este, do alto da sua majestade, lhes disse:
_ Mas como! Julgais que o vosso desejo dirija as nossas intenções. Deverei antes ter pensado sobre o governo que vos havia dado. Não vos bastava que o vosso primeiro rei fosse manso. Pois, então, contentai-vos com este, senão lhes mando outro pior.
Mas, iguais às rãs, são também os homens. Estes nunca estão satisfeitos. E querem mudar. E, quando mudam, fazem-no muitas vezes para pior. Que ante meditem, como o deveriam ter feito as rãs.
O GALO E A RAPOSA
Sobre o galho de uma árvore estava de sentinela um velho galo, astuto e matreiro. Ao vê-lo, disse-lhe uma raposa, que passava:
_ Irmão _ e a voz tornava-se tão meiga quanto possível_ não estamos mais em luta. Foi proclamada a paz geral. Venho anunciá-la a todos. Desce, que quero abraçar-te fraternalmente, já que somos todos irmãos. E, por favor, não demores, porque tenho de dar hoje, ainda dez recados. Agora, tu e os teus podeis estar descansados, entregar-vos aos vossos trabalhinhos, pois nós vamos ajudar-vos como irmãos. Esta noite podeis acender fogos, mas agora vinde receber o abraço e o beijo fraternal.
_ Amiga _ respondeu o astuto galo _ não podia receber uma noticia mais agradável do que esta; que a paz foi proclamada entre nós. Daqui de cima, estou vendo dois galgos que correm para cá a toda pressa. Certamente, vem trazer a bela notícia. Eu vou descer e todos poderemos trocar beijos.
Ao ouvir isso, a raposa disse:
_Até breve, amigo. A caminhada que tenho de fazer é longa. Nós vamos comemorar da próxima vez.
E, pondo sebo nas canelas, pôs-se a correr desabridamente, descontente com o que lhe acontecera.
O nosso velho galo pôs-se a rir do medo da raposa e riu a bom gosto pois
é sempre um duplo prazer enganar o enganador!
O LEÃO QUE VAI À GUERRA
O leão projetou realizar certa empresa, e para isso reuniu um conselho de guerra. Por meio de emissários, mandou aviso a todos os animais.
Todos, naturalmente, foram a favor do projeto, cada um segundo a sua aptidão: o elefante, além de carregar os apetrechos, devia também combater; o urso devia se preparar para os assaltos; a raposa utilizaria sua astúcia para a elaboração de planos secretos; o macaco distrairia os inimigos com suas momices.
Alguém lembrou que deveriam ser dispensados o burro e a lebre por sua incapacidade.
_De modo nenhum! _ respondeu o monarca. _ Eu quero empregá-los; meu exército não seria completo sem eles. O burro empregará a sua voz como trombeta, e a lebre servirá de correio.
O governante prudente e sábio tira proveito dos seus menores súditos e conhece os diversos talentos. Nada é mais inútil para as pessoas de bom senso, que sabem ver a utilidade de cada coisa, até daquelas que muitos julgam inaproveitáveis. Na verdade, tudo tem um valor. Cabe a inteligência descobri-lo!
O SACO
Isabelle Gonçalves da Silva
Pepe, um gato rico, vivia debochando de todos os animais.
Certo dia, passava um gato pobre com um saco nas costas e Pepe perguntou:
-O que você leva nesse saco?
O gato pobre respondeu:
-Para que você quer saber? Eu nem lhe conheço.
-Se não quer me mostrar, é porque roubou de alguém.
-Você não tem o que fazer, não? Só sabe debochar dos outros.
-Não é isso.
-Então, por que quer saber o que tem no meu saco?
-É só curiosidade.
-Mas, não vou deixar. Posso ir, agora?
-Não.
-Por quê?
-Não vá, eu quero ver o que tem no seu saco.
-Já que insiste...
Pepe se surpreendeu quando olhou o saco, pois era apenas uma caixa, com um papel, onde estava escrito: “Nunca menospreze os outros, ou do contrário vai se surpreender”.
MORAL DA HISTÓRIA: Nunca desconfie de ninguém, porque você pode se arrepender.
O CACHORRO E O PATO
YRIS NATÁLIA DA SILVA BARROS
Numa fazenda muito distante da cidade, moravam vários animais, dentre eles o cachorro e pato, mas esses dois nunca se deram bem.
Um dia, o cão resolveu ir embora sem avisar a ninguém. No caminho, ele começou a falar sozinho:
-Eu só vou embora, por causa do pato.
Ao amanhecer o dia, o pato não encontrou o cachorro, então começou a dizer:
-Onde está aquele cachorro chato???
Aconteceu que, o cão começou a sentir falta do pato e o pato dele, assim o cão, com muita saudade, resolveu voltar.
MORAL: É preciso perceber a importância que têm aqueles que convivem
com a gente.
A GIRAFA E O MACACO
Elysbete Fernandes Guimarães
Certo dia, um macaco ia passeando, e de repente avistou um zoológico, então decidiu ir lá. Ele estava com muito medo de alguém do zoológico pegá-lo, mesmo assim foi ao local.
Quando chegou, viu uma gigantesca girafa, então resolveu ficar conversando com ela, para ver se ficavam amigos, e conseguiu mesmo. Na hora do jantar um funcionário do zoológico amarrou todos os animais, depois eles começaram a comer. A girafa conseguiu se soltar, pegou o macaco e saiu correndo com ele. Ela correu tanto que ninguém conseguiu alcançá-la. Ao achar um belo cacho de bananas, foi tentar pegar para dividir com o macaco, porém o cacho estava muito baixo e não conseguiu pegá-lo.
O macaco, mais que ligeiro, pegou o cacho e saiu às pressas e não se lembrou da girafa. O animal de pescoço alongado ficou muito triste e foi caminhando.
O macaco encontrou um outro cacho de bananas, mas agora seria a vingança da girafa: o cacho estava muito alto, o macaco era muito baixo e não conseguiria alcançá-lo.
A girafa não quis se vingar, mesmo depois do que o macaco tinha feito, repartiu tudo com ele .
O macaco ficou envergonhado, e saiu pulando até hoje.
MORAL: A Vingança não vale a pena.
O DESAFIO
Maria Edinara Costa
Numa bela manhã de sábado, toda a bicharada estava reunida, inclusive Tatá, o grilo sabichão e a formiga Nina. Os dois, como sempre, viviam brigando e disputando para saber quem corria mais.
Tatá propôs um desafio para Nina, assim iriam tirar essa dúvida. Eles marcaram uma corrida. Tatá ficou zombando de Nina, pois ela nunca conseguiria ir ao outro lado da floresta, por ser pequena.
Chegou a hora esperada, todos estavam lá, então a corrida começou. O grilo saiu na frente, depois ficou cansado e decidiu tomar um pouco de água num riacho que tinha ali perto. Nem se preocupou com o tempo, pois achava que a formiga nunca iria ganhar. Chegando ao riacho, ele encontrou uma barata e os dois começaram a conversar.
Nada do grilo lembrar da corrida, quando se lembrou, era tarde demais, pois Nina já tinha vencido a corrida.
MORAL: Nunca devemos zombar dos outros pelo tamanho, nem por idade, pois todos somos capazes de algo, basta acreditar.
O COELHO E A CABRA
Ana Cíntia da Silva Rocha
Um belo dia, o coelhinho saiu para colher cenouras, e acabou deixando a porta de sua casa aberta. Ao voltar, ele percebeu que a casa estava fechada, então pensou:
-Quem está aí dentro?
O coelho bateu à porta e, apareceu uma cabra dizendo:
- Saia da minha casa! Eu sou a cabra Cabrez, te dou um salto e te parto em três.
O coelhinho saiu correndo, viu um boi, pediu:
- Seu boi uma cabra invadiu minha casa, ainda disse que me dá um salto e me parte em três. Ajude-me, seu boi.
O boi teve medo, e disse para o coelho que estava muito ocupado.
O coelho viu o cachorro dormindo, e disse:
- Acorda pra latir.
Respondeu o cachorro:
- Au, au!!!
O coelho pediu:
- Seu cachorro, pode me ajudar? A cabra Cabrez invadiu minha casa e ela disse que me dava um salto e me partia em três.
O cachorro estava com muito sono e preferiu voltar a dormir.
Assim, o animalzinho se desesperou e começou a chorar, quando veio uma abelhinha bem pequena e disse:
_ Por que está chorando, coelhinho?
Ele respondeu:
_ Por que a cabra Cabrez invadiu minha casa, e ela disse que me dá um salto e me parte em três.
A abelhinha foi até a casa do coelho e bateu à porta. A cabra já queria saltar em cima da abelha, mas a abelha deu uma ferroada tão forte na cabra, que ela correu e nunca mais se ouviu falar na cabra Cabrez.
MORAL: Tamanho não é documento.
No alto de uma árvore oca, uma águia acomodou a ninhada. Junto ao tronco uma porca morava com seus filhotes e entre ambas, uma gata com os seus.
Mas a gata era intrigante e quis destruir a boa harmonia reinante entre as vizinhas e um belo dia, disse à águia:
-Cara vizinha, não está muito longe o dia em que a morte leve todos os nossos filhos. Pois não vê a porca a cavar uma mina no tronco da árvore? Qualquer dia, esse carvalho vai por terra e, então, será a ruína de nossos filhotes.
Desceu e foi à porca:
-Vizinha amiga - e em voz baixa- não deve você se afastar nem por um instante. Seus filhos correm perigo. A águia só espera que você saia para baixar sobre os seus leitõezinhos. Guarde segredo do meu aviso, senão sua cólera recairá sobre mim!
Após haver despertado o medo e o terror nas duas vizinhas, recolhei-se à toca.
Tanto a águia como a porca não se atreveram a sair de perto de suas ninhadas e passaram-se horas, passaram-se dias, se que elas tivesse ânimo de deixar os filhotes por um momento sequer. Não podendo ir buscar alimentos, enfraqueceram os filhos e elas e todos acabaram morrendo por inanição.
Quer o Sr. de La Fontaine mostrar, com essa fábula que, como uma intriga pode provocar uma grande desgraça. E que como são perigosos os intrigantes!
O GATO E OS DOIS PARDAIS
Um gato era contemporâneo de um pardal muito novo, pois vivera ao lado desse dede o berço. A gaiola e o cesto tinham os mesmos deuses do lar. O gato era muito provocado pelo pássaro. Um esgrimia com o bico e o outro brincava com as patas. Mas o gato tinha sempre o cuidado de poupar o amigo, não o corrigindo senão pela metade, pois evitava feri-l0 com as garras. O pardal já não era tão circunspecto e dava-lhe muitas bicadas.
Contudo, o gato, como pessoa discreta que era, perdoava tais brincadeiras, pois entre amigos não convém levar as coisas até os extremos, nem deixar-nos arrastar pela cólera. Como ambos se conheciam desde tenra idade, um longo convívio os mantinha em paz e nunca as brincadeiras se tornavam um combate.

Mas eis que, um dia, veio visitá-los um pardal da vizinhança, o qual se fez amigo do primeiro e do gato. Mas deu-se uma desavença entre os dois pássaros e o gato tomou logo um partido:
- Este desconhecido - disse ele - vem fazer-nos da boa; insulta assim meu amigo, o pardal e quer come-lo! Ah, isso não, por todos os gatos!
E entrando na luta, devorou o estranho.
-Na verdade- disse o Mestra Gato- os pardais tem um gosto esquisito e delicado!
Essa reflexão fez com que devorasse também o outro.
Diz La Fontaine: " Não sei que moralidade posso tirar desse fato e sem ela, a fábula é uma obra imperfeita. Creio descobrir alguns traçs,,,mas a sua obscuridade me atrapalha. que o Principe vai Creio que seja isso:
- um mau hábito adquire-se facilmente: basta começar a prática. Também em muitos se revela uma vocação quando iniciam alguma coisa. É como o despertar de algo que dormia em nós!"
A GARÇA
Um dia, pela margem de um rio, passeava uma bela garça. Olhando o azul profundo das águas viu duas carpas que, alegremente, brincavam. Com toda a facilidade poderia agarrá-las com seu comprido bico, porem, como não sentia fome, não se deu a tal trabalho. Daí a algumas horas, porém, a fome bateu. Voltou ao mesmo lugar, mas não encontrou mais as carpas, as sim tencas.
- Eu, uma garça real, comer tencas?- pensou consigo mesma - de jeito nenhum!
E esperou mais algum tempo. Surgiram outros peixes, mas nenhum lhe agrafava. E, com ar de desdém, continuava a esperar por algo melhor. E o tempo passou e a fome cresceu cada vez mais e chegou a tal ponto que, a presunçosa garça contentou-se e comer uma mera lesma e ainda se deu por muito feliz por encontrar tal alimento.
Quem muito quer ganhar e despreza os pequenos ganhos, acaba por tudo perder e contentar-se com migalhas!
O GALO E O FALCÃO
Certo cozinheiro, possuidor de um belo galo, resolveu, um dia, comê-lo num lauto banquete oferecido aos amigos.
Vai ao galinheiro e chama pelo galo.
O galo, que era esperto, fingiu não ter ouvido o chamado do cozinheiro. Naquele momento, passava um falcão que, vendo o galo fingir-se de surdo ao apelo do dono, assim lhe disse:
-Não ouves o teu dono te chamar, ave estúpida?
O galo respondeu:
-Não farias essa pergunta, se tivesses visto morrer tantos falcões quantos galos eu vi, assados depois!
Muitas vezes é uma voz traidora que nos chama; por isso, não devemos responder.
A GRALHA ENTRE OS PAVÕES
Era a época em que o pavão muda de penas; uma gralha apanhou-as e com elas adornou-se.
Depois, muito envaidecida, apresentou-se entre os pavões, julgando-se uma bela personagem.
Um deles logo percebeu quem era, e viu-se a gralha escarnecida, apupada, vaiada e finalmente, depenada de modo insólito pelos pavões.
Voltou para junto das companheiras, de bico caído, mas foi por elas enxotada.
Há muitas gralhas que se pavoneiam com o que é dos outros, como os plagiários. Como, também, há muita gente que veste de pavão, mas não deixa de ser gralha.
O GATO VELHO E O RATO NOVINHO
Um camundongo novo e pouco experiente, preso às garras de um velho gato, julgou poder convence-lo, implorando-lhe clemência:
-Deixai-me viver, Sr.Gato. Um camundongo do meu tamanho e com a despesa que faz, seria uma carga para esta casa? Mataria eu de fome, no vosso parecer, a dona da casa me sustentar; uma noz me poe gordo. Agora estou magro: esperai mais um pouco. Reservai esse petisco para os senhores vossos filhos.
Assim falava ao gato pobre camundongo.
- Tu te enganaste. É então a mim que se dirigem tais lamúrias? Ganharias tanto como se falasses a surdos. Gato e velho, vai lá perdoar! Jamais tal coisa aconteceu. Segundo as leis, vem para o meu bucho e vai discursar lá dentro. Meus filhos encontrarão muitos outros outros petiscos.
E cumpriu o que disse.
E eis para essa fábula o sentido moral que lhe convém:
A mocidade gaba-se e crê tudo alcança; mas a velhice é implacável.
O Cavalo e o Lobo
Depois de um rigoroso inverno, surgiu, afinal, a primavera e os campos reverdeceram outra vez. O lobo, que curtira durante a estação fria, dura fome, saiu em busca de alimento.
Subitamente viu, num prado verdejante, gordo e belo cavalo a pastar, que lhe dobrou o apetite.
-Que magnifico petisco! Mas, infelizmente, ele é forte e, para vencê-lo, deverei usar de astúcia.
E, meditando sobre as armas do arsenal de astúcias, aproximou-se a passo lento e majestático do luzidio cavalo.
Este, que já conhecia Dom Lobo, e que sabia das suas manhas, preparou-se para qualquer eventualidade. Dom Lobo, buscando mais macio tom de voz que possuía, dirigiu-se ao cavalo nestes termos:
-Bom dia, Senhor Cavalo, desejo apresentar-me: sou médico e, sem querer gabar-me, tenho feito curas por muitos julgadas milagrosas . Ao vê-lo pastar livremente neste prado, conclui logo, como ensina a minha ciência que deve estar doente.E é de meu dever oferecer-lhe os préstimos da minha arte.
O cavalo percebeu bem astuciosa manobra do lobo e aproveitou-se da situação para dizer-lhe:
-Realmente, caro Senhor Médico, ando doente. E bem doente. Tenho um tumor nas patas traseiras, que é uma verdadeira tortura para mim.
Imediatamente, o lobo respondeu:
-Isso é comuníssimo: tumores nas patas.Também sou cirurgião e tenho grande habilidade em resolver casos como seu.
- Ótimo! - exclamou o cavalo.- Faça, então, o obséquio de verificar.
Enquanto o lobo se aproximava das patas para examiná-las, aproveitou-se cavalo para dar-lhe um par de coices, que lhe esborracharam o focinho.
O lobo, muito ferido, fugiu esbaforido.
Boa lição essa! O lobo fazendo papel de médico enquanto não passava de um simples carniceiro. É uma boa lição para todos que querem se fazer passar pelo que na realidade não são. O premio é quase sempre um par de coices.
O GALO E A PÉROLA
Certa vez, um galo esgaravatava a terra, à procura de alguma cisa que lhe matasse a fome insaciável, mas eis que achou uma linda pérola.
-Que linda ! - disse para consigo. Mas, entregou-a ao primeiro joalheiro que encontrou.
-Sei que é muito fina e de valor, mas um grão de milho, pequenininho que fosse, me seria mais proveitoso.
Quantos, na vida, trocam por muito pouco o que vale muito. Cuide cada um de não dar em troca o mais pelo menos.
O BURRO VESTIDO COM PELE DE LEÃO
Um burro, que fugira de seu dono, um moleiro, encontrou na floresta a pele de um leão. Aproveitou achado e vestiu-a. Por toda a parte o fanfarrão aparecia como um feroz leão e por todos era temido. Tanto os homens como os animais o respeitavam, e fugiam logo que o percebiam.
Mas, uma das pontas da orelha ficara para fora e,por acaso, o moleiro percebeu-a, descobrindo, com isso, o truque. Deu uma coça no burro e depois de ter retirado a pele de leão, colocou-lhe os arreios e montou nele.
O mesmo acontece entre os homens. Muitas pessoas são uma coisa e parecem outra.Tirando-lhes a máscara, aparecem tal qual na verdade são.
O RATO ANACORETA
Tendo conseguido salvar-se das unhas afiadas de um gato, um pequeno rato procurou asilo num rico armazém de uma mercearia. Havia grandes colunas de queijo parmesão. Atraído pelo cheiro, foi trepando as saltos de queijo em queijo, até um que se achava perto do teto.Lá, começou a roer, e, pouco tempo depois, fez um buraco que lhe servia, não só de cubículo como também de sustento. Vida regalada ia levando, ora dormindo, ora comendo.
E,assim, sem trabalhos e sem cuidados, ia passando o tempo.
- Do mundo -dizia - estou desenganado e quero expiar minhas culpas!
Que pensar de tal ratinho? Vivendo às custas dos patetas, sob falsas roupagens de santo, muitos procuram o caminho da salvação de pança cheia!
Relatam que, em tempos recuados, a novilha, a cabra e a mansa ovelha fizeram uma sociedade com o Senhor Leão. Teriam de comum os lucros e as perdas. Conseguiu a cabra apanhar um veado e os sócios logo são chamados para receberem o seu quinhão. O leão, contando por suas unhas, disse:
- Somos quatro que temos direito!
Ao dizer isso dividiu a presa em quatro partes. Tomou da primeira e disse:
- Deve ser para mim, porque sou o leão e isso ninguém pode me contestar.
A segunda também me pertence por direito, pois é o direito do mais forte.
Exijo a terceira, porque sou mais valente e se alguém desejar a quarta, será despedaçado por mim!
Eis uma boa lição do Sr. de La Fontaine para os pequenos que se associam com os poderosos, pois pouco ou nada lhes sobrará!
Um leão, terror das florestas, vencido pelos anos e lamentando-se da sua antiga valentia foi, afinal, atacado por seus vassalos, que se tornaram fortes pela fraqueza do seu rei.
Um dia, sele se aproximou o cavalo e deu-lhe uma patada; o lobo, uma dentada, o boi, uma chifrada...O pobre leão, debilitado pelos anos, triste, cansado, mal pode rugir.
Finalmente, espera o seu destino,sem mais uma queixa, quando vê chegar à sua caverna um burro.
Ah! Isso é demais! - disse ele. Estava resignado a morrer, mas é morrer duas vezes sofrer a afronta de um burro.
Ai dos poderosos quando a força lhes falta. Até os burros lhe querem dar coices...
O LOBO E A CEGONHA
Ora, todos sabem que o lobo come gulosamente. Estando um deles em grande festança, comia com tanta gana, quando de repente, pensou que ia perder a vida: um osso se lhe atravessara na garganta. Não podia gritar, mas, por sua sorte, passou por perto uma cegonha.
O lobo fez sinal, desesperado e ela, acudiu. E graças ao seu bico comprido, extraiu o osso e em seguida, face ao ótimo resultado, pediu a paga, o que era justo.
- Paga? Paga! - diz o lobo. - Você está brincando, comadre.Pois já não o bastante ter você retirado, são e salvo o osso de minha garganta? Vá-se embora; você é uma ingrata. Fuja da minha presença, para não cair nas minhas garras.
O lobo é, sem dúvida, ingrato. Mas que outra gratidão poderíamos esperar de lobos? Também só com um osso atravessado na garganta,seria capaz de poupar as suas vítimas.
O CORVO E A RAPOSA
Mestre Corvo, pousado em uma árvore, tinha preso ao bico um queijo. Mestre Raposa, atraída pelo cheiro, acudiu depressa, e dirigiu-lhe um discurso manhoso e lisonjeiro:
- Bom dia, Senhor Corvo, como sois belo! Que lindas plumas! Na verdade, se vosso gorjeio assemelha-se à vossa plumagem, vós sois a fênix dos habitantes destes bosques.
A estas palavras, o Corvo, impando de vaidade, não cabe em si de alegre; e, para mostrar a sua bela voz, escancara o bico e deixa cair por terra o queijo, que a Raposa, sôfrega, logo dele se apodera.
- Meu bom senhor, ficai sabendo que todo adulador vive à custa daquele que escuta. Sem dúvida, essa lição vale bem um queijo!
A Raposa vai embora e o Corvo fica lamentando a sua sorte.
Quem acredita em bajulação, entra no mundo da ilusão!
♥♥♥
Fábulas...fábulas...e mais fábulas!
Que mundo maravilhoso esse...
O que faz o supremo encanto de La Fontaine como fabulista, o que constitui a sua imensa superioridade sobre todos os que antes e depois dele trataram este gênero, não é de certo a originalidade, porque raríssimas serão as fábulas cuja ideia não houvesse encontrado e Esop e em Fedro, nos fabulários da meia idade ou os contos italianos. não é também a beleza excepcional do estilo, nem a pureza da metrificação bastante desleixadas às vezes. O que constitui o seu encanto supremo é a vida potente que ele sabe dar a todos esses animais que se movem no imenso tablado da natureza, que falam a linguagem que ele lhes presta, obedecendo a paixões que ele lhes atribui. É que os seus personagens tem a um tempu a verdade humana e a verdade zoológica, não essa verdade ilusória, essa verdade que não é verossímel, essa verdade de empalhador zoológico que faz da borboleta o símbolo da constância, da rola a imagem da volubilidade.
Jean de La Fontaine escreveu verdadeiramente a Comédia Humana dos animais. O cão, a raposa, o lobo, o leão, o rato, o gamo são os Gobseck e os Rastignac e os Rubempré que reaparecem a cada instante em cada fábula contada.
Podemos encontrar o despótico leão, esse Luis XIV da fábula, que entra também de chicote em punho no parlamento animalesco e se deixa embair pela raposa cortesã e matreira como um Dangeau da corte leonina, e o estouvado ratinho, e o Monsieur da Corbeau, vaidoso como um pintinho alegre nos jardins de Versalhes.
Alguns críticos , escritores de pequenos artigos, querem provar que La Fontaine era um detestável naturalista, que não conhecia os hábitos dos animais que punha em cena. Tudo isso apenas apenas prova que são eles quem não compreendem muitas vezes o pensamento do grande fabulista. Um desses críticos foi o Sr. Paulo de Rémusat.
Não vamos estranhar, ao analisar a fábula da Cigarra e da Formiga, que esse bichinho fosse retratado como avarento, quando a formiga é, pelo contrário um animal caridoso e socorredor, possuindo no mais alto grau o sentimento da solidariedade! A formiga de La Fontaine é uma burguesa honesta,que lida de verão e de inverno, que cuida de si, do seu marido e dos seus filhos, do arranjo de sua casa e que recebe furiosa aquela cigana das cigarras, aquela cantadeira de estio, aquela artista de vida alegre, que parece não compreender o que a vida tem de sério e de austero, os santos deveres do trabalho e da família. É por isso que, de mãos na cintura, tendo acabado de dar farta esmola às formigas mais pobres, declara à aventureira que não há para ela pequeninos insetos na dispensa. E note-se que La Fontaine faz com que a cigarra seja repelida expulsa por uma fêmea do formigueiro e não por um macho. Os machos são indulgentes em geral para essas cantoras da vida airada, mas as fêmeas tem uma aversão profunda pelas artistas que passam a vida a cantar, enquanto elas se consomem no trabalho incessante, na luta diária da casa e da família.
Não foi La Fontaine que não compreendeu as formigas, foi o crítico que não compreendeu o poeta.
PINHEIRO CHAGAS
A RAPOSA E O BUSTO
Os grandes, em sua mair parte, são meras máscaras teatrais. E são máscaras que se impõem ao público idólatra. O burro não sabe julgá-las, a não ser pela exterioridade. Mas, a raposa, pelo contrário, examina-a ao fundo e esquadrinha-as cuidadosamente. E quando percebe que tudo não é mais do que aparência, lança-lhe a sentença que um busto de herói lhe fez pronunciar certa ocasião.
Era um busto oco e maior que o natural. A raposa, elogiando a escultura bem acabada, disse:
- Bela cabeça, mas não te miolos!
E, quantas pessoas famosas são apenas como estes bustos...
O BURRO E O CÃOZINHO
Veja o que aconteceu com um burro que quis agradar o dono, fazendo-se de mimoso.
Com notara que o cãozinho era acariciado por todos da casa, imaginou que, se procedesse do mesmo modo, também seria estimado.Não atentou, entretanto, para a tremenda diferença de raça.
Um dia, em que os donos da casa se mostravam alegres, entrou na sala, zurrando e levantou a pata até o queixo, muito afetuosamente. Que grande espanto e que reboliço. Mais do que depressa acudiu o empregado e, com uma boas bastonadas no lombo do burro tolo, pôs fim à brincadeira.
Nunca devemos forçar o nosso talento. Quem não nasceu com graça, que não se meta a engraçado.
O CÃO DESORELHADO
Um cão novo e possante gania de tristeza pela perda das orelhas que o dono cortara.
-Que fiz eu para ficar assim mutilado? - dizia ele- Como usarei aparecer diante de meus companheiros com esta cara?
Com isso ele pensava ter perdido, quando, na verdade, só ganhara. Mais tarde, pulou de contentamento ao ver quantos benefícios a falta de orelhas lhe trouxera. Acostumado a investir contra seus iguais, esta seria uma das partes mais afetadas nas brigas. Cão briguento tem sempre as orelhas e frangalhos.
A verdade é que sempre devemos deixar o mínimo possível de regiões ao alcance de nossos inimigos.
A PERDIZ E OS GALOS
Vivia uma perdiz entre certos galos, de índole turbulenta e pouco cortês.
Esperava, devido ao seu sexo, muita gentileza da parte deles, que haviam sido muito hospitaleiros. Entretanto, muitas vezes, recebia horríveis bicadas, o que demonstrava o pouco respeito que lhe devotavam. A princípios, aborreceu-se seriamente; mas, depois, vendo-0s baterem-se entre si e ferirem-se mutuamente, ficou consolada.
-É costume deles - disse ela. -Não os acuso, mas sim os lastimo. Júpiter não formou todas as índoles iguais. Se dependesse de mim, eu passaria o resto da minha vida entre os meus iguais.
O CÃO QUE LEVAVA O JANTAR DO DONO
Um cão levava o jantar do dono preso a coleira. Passou-lhe perto um mastim e quis-lhe tomar o jantar. Não conseguiu realizar seu intento, pois o cão valente se mostrou, defendendo-se com unhas e dentes. Mas surgiu um bando de cães vira-latas, famintos e vagabundos.
Vendo o jantar em perigo, mas percebendo também que não podia se defender, disse aos companheiros, com bons modos:
-Nada de brigas, senhores. Meu bocado me basta; vós podeis vos regalar com o restante!
Cada um atirou-se ao seu pedaço e nada sobrou do jantar.
Esse cão é semelhante ao funcionário zeloso, que arrecada escrupulosamente os bens da nação, mas, quando outros interveem para do bolo tirar suas vantagens, não querendo passar por tolo, é o primeiro a roubar!
O CAMELO
O primeiro homem que viu o camelo, fugiu espavorido, um animal tão imenso, de lombo tão estranho.
O segundo homem, aproximou-se e o terceiro, ao ver que ele era manso, preparou um cabresto, montou-lhe e pôs a carga em cima.
O que nos acostumamos a ver termina por se nos tornar familiar. O que nos apavora, à primeira vez, pela repetição acaba sendo comum.
E, para enriquecer a sua fábula, conta-nos o Sr. de La Fontaine que, certa vez, um grupo de pessoas viu um objeto no mar. A princípio, pensaram que fosse um navio, depois diziam que era um barco médio, para depois aceitarem que era uma canoa e finalmente concluírem que nada mais era do que um feixe de paus, flutuando sobre as águas.
Há muita gente no mundo para a qual o que está a distância parece alguma coisa de grande, mas que pouco ou nada é quando vista de perto.
A CARANGUEJA E A FILHA
Dona Carangueja, um dia, vendo o modo feio com que a filha andava, assim lhe falou:
- Minha filha, que andar é esse? Por que não anda direito?
A filha retrucou-lhe:
- Mãe, como é que a senhora anda ? Por que andarei diferente de minha família? Quer que eu ande direito quando todos andam tortos?
E tinha razão. A força do exemplo familiar é universal!
A RAPOSA DERRABADA
Uma raposa, bem astuta, como sempre elas o são, grande comedora de frangos, viu-se, certa vez, presa numa armadilha. Mas teve afinal sorte, porque apenas ficou presa pelo rabo, que ela roeu até safar-se.
Mas, como apresentar-se às companheiras sem aquele apêndice, que é peculiar à raça? Era preciso inventar alguma coisa que a salvasse.
E, ao chegar às companheiras, que estavam em assembleia, aproveitou-se da ocasião e, usando da palavra, pôs-se a dizer:
-Caras amigas. Irmãs! Como sabem, tenho viajado muito e percorrido muitas terras. O que me impressionou foi verificar que os cães, ultimamente, dispensaram esse apêndice desagradável, que é o rabo.Já não o usam mais. E é uma ideia magnífica. `Pois, para que precisamos dele? Só nos atrapalha! No inverno, causa-nos muito frio e, com ele, andamos varrendo os cam,inhos enlameados. Convém, portanto, que o cortemos de uma vez e sigamos a moda, pois, quando é útil, não se deve discuti-la.
Mas outra raposa, tão astuta quanto ela, replicou:
- O vosso conselho é bom. Mas, fazei-me o favor de voltar-vos e então responderemos.
A essas palavras, todos rodearam a raposa e viram-na derrabada. Soou uma vaia geral e tão grande, que a raposa se pôs a correr tanto quanto lhe permitiam as patas.
Assim são muitos, na vida que, quando lhes falta alguma coisa, pretende que ela seja geral e falte a todos. Os desonestos e os patifes pregam a desonestidade e a patifaria, com o intuito de justificar o que são. Olhem à volta e quanta raposa derrabada anda por aí...
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OS ZANGÕES E AS ABELHAS
Tendo sido encontrados alguns favos de mel sem dono, surgiu uma briga entre os zangões, que os reclamavam para si e as abelhas, que afirmavam que eram as donas.
Como não havia meio de solucionar tal contenda, resolveram levar o caso a uma certa vespa. Mas, quando este caso chegou às máso dela, viu-se uma séria dificuldade, pois enquanto algumas testemunhas depunham dizendo que tinham visto, ao redor de certos favos, animais de forma alada, igual as abelhas, de tamanho um pouco longo e de cor parda, igual às abelhas, outros diziam que estes sinais também o eram dos zangões, pois ambos pouco se distinguem entre si.
A vespa, que era o juiz do caso, não sabia para que lado optar e resolveu fazer um novo e mais rigoroso inquérito. Desta vez, um grande número de testemunhas foi ouvido, mas, mesmo assim, o caso continuou insolúvel. Já havia muitos que estavam ficando nervosos com a demora da solução, até que uma abelha, ,ais sensata e corajosa, aproximou-se e disse:
- Mas para que serve tudo isso? O litígio continua e faz fazem seis meses que permanecemops nesse pé. Acontece que, com todo este perder de tempo, o mel está se estragando. Em vez de tanto falar e brigar, será melhor trabalharmos. Façamos o seguinte: vamos nós, abelhas, construir favos tão bem fabricados como estes, que estão na contenda e um suco tão doce como aquele e, por seu lado, os zangões vão fazer o mesmo e veremos quem consegue fazer melhor.
Mas, como os zangões recusassem tal empresa, era evidente que estes não o saberiam fazer e nem tinham capacidade para tal. A vespa, ao ver tal recusa, deu o mel às abelhas, pois estas tinham aceito o desafio.
Prouvera Deus que se regulassem assim todos os processos: o que seria melhor para todos. Com o simples bom senso comum saberíamos guiar-nos, sem precisar de códigos. Não haveria tanta necessiadade de perder-se tempo, contendas e disputas. Faz-se tanto esforço e , afinal, a ostra é para o juiz e as conchas para os contendores.
A LEBRE E AS RÃS
Uma lebre estava a cismar. E que outra coisa pode fazer senão cismar? E meditava sobre a sua desgraça. Afinal de conytas, estava desgostosa com o seu medo. O temor a consumia dia e noite, pois tudo a amedrontava. Dizia para si mesma que as pessoas de natureza medrosa são infelizes. Não podem comer regaladamente um bocado que lhes agrade. Nunca tem um prazer puro, porque qualquer temor as sobressalta.
- Vivo dominada por esse temos maldito - lamentava-se ela._Quero corrigir-me, mas não consigo. Para mim, estou certa, os homens tem tanto medo como eu.
Assim raciocinava a nossa lebra, quando, subitamente, ouviu um leve ruido. Foi o bastante para fugir em busca da toca. Mas, ao correr, estaca, porque se encontrou à beira de um pântano. Ao vê-las, as rãs saltaram, amedrontadas para dentro d'água e esconderam-se em suas grutas profundas.
_ Ora vejam! _ exclamou para si, cheia de contentamento. _ Eo obrigo os outros a fazerem o mesmo que eu faço! A minha presença tamb´wm assusta aos outros! Todo o acampamento das rãs se pôs de alarma. Tremeram ante mim e fugiram! Eu sou um raio de guerra!
Não há nenhum poltrão nesta terra que não possa achar um outro mais poltrão ainda.
AS RÃS QUE PEDEM REI
As rãs,que viviam em democracia, cansaram-se do regime e resolveram mudá-l0. Ergueram seus coaxos até Júpiter, pedindo-lhe que instaurasse o poder monárquico, o poder de um so rei e único senhor. Júpiter atendeu-as e mandou do céu um rei pacífico, que quase caiu com grande estrondo na água do pântano , o que fez correr e fugir a timida, medroa e covarde gente do lugar. De trás dos juncos, dos buracos, temerosas, punham-se a olhar o gigante imenso, como lhes parecia. Mas, na verdade, era apenas um tronco de madeira, cuja gravidade lhes metera medo a principio.
Uma lhe tocou. E como ele permanecesse impassível, as outras rãs foram-se aproximando até que, em pouco tempo, pulavam, saltavam sobre ele. Mas o rei nada fazia. Permanecia sempre imóvel.
Lá se ergueram outra vesz as súplicas a Júpiter:
_ Dá-nos, exclamavam as rãs, um rei que se mexa!
Então, Júpiter mandou-lhes um grou. Mas o grou gosta de rãs e pôs-se a devorá-las, ora uma, ora outra, até saciar-se, para prosseguir no outro dia a mesma faina.
As rãs levantaram seus lamentos coaxantes a Júpiter. E, este, do alto da sua majestade, lhes disse:
_ Mas como! Julgais que o vosso desejo dirija as nossas intenções. Deverei antes ter pensado sobre o governo que vos havia dado. Não vos bastava que o vosso primeiro rei fosse manso. Pois, então, contentai-vos com este, senão lhes mando outro pior.
Mas, iguais às rãs, são também os homens. Estes nunca estão satisfeitos. E querem mudar. E, quando mudam, fazem-no muitas vezes para pior. Que ante meditem, como o deveriam ter feito as rãs.
O GALO E A RAPOSA
Sobre o galho de uma árvore estava de sentinela um velho galo, astuto e matreiro. Ao vê-lo, disse-lhe uma raposa, que passava:
_ Irmão _ e a voz tornava-se tão meiga quanto possível_ não estamos mais em luta. Foi proclamada a paz geral. Venho anunciá-la a todos. Desce, que quero abraçar-te fraternalmente, já que somos todos irmãos. E, por favor, não demores, porque tenho de dar hoje, ainda dez recados. Agora, tu e os teus podeis estar descansados, entregar-vos aos vossos trabalhinhos, pois nós vamos ajudar-vos como irmãos. Esta noite podeis acender fogos, mas agora vinde receber o abraço e o beijo fraternal.
_ Amiga _ respondeu o astuto galo _ não podia receber uma noticia mais agradável do que esta; que a paz foi proclamada entre nós. Daqui de cima, estou vendo dois galgos que correm para cá a toda pressa. Certamente, vem trazer a bela notícia. Eu vou descer e todos poderemos trocar beijos.
Ao ouvir isso, a raposa disse:
_Até breve, amigo. A caminhada que tenho de fazer é longa. Nós vamos comemorar da próxima vez.
E, pondo sebo nas canelas, pôs-se a correr desabridamente, descontente com o que lhe acontecera.
O nosso velho galo pôs-se a rir do medo da raposa e riu a bom gosto pois
é sempre um duplo prazer enganar o enganador!
O LEÃO QUE VAI À GUERRA
O leão projetou realizar certa empresa, e para isso reuniu um conselho de guerra. Por meio de emissários, mandou aviso a todos os animais.
Todos, naturalmente, foram a favor do projeto, cada um segundo a sua aptidão: o elefante, além de carregar os apetrechos, devia também combater; o urso devia se preparar para os assaltos; a raposa utilizaria sua astúcia para a elaboração de planos secretos; o macaco distrairia os inimigos com suas momices.
Alguém lembrou que deveriam ser dispensados o burro e a lebre por sua incapacidade.
_De modo nenhum! _ respondeu o monarca. _ Eu quero empregá-los; meu exército não seria completo sem eles. O burro empregará a sua voz como trombeta, e a lebre servirá de correio.
O governante prudente e sábio tira proveito dos seus menores súditos e conhece os diversos talentos. Nada é mais inútil para as pessoas de bom senso, que sabem ver a utilidade de cada coisa, até daquelas que muitos julgam inaproveitáveis. Na verdade, tudo tem um valor. Cabe a inteligência descobri-lo!
O SACO
Isabelle Gonçalves da Silva
Pepe, um gato rico, vivia debochando de todos os animais.
Certo dia, passava um gato pobre com um saco nas costas e Pepe perguntou:
-O que você leva nesse saco?
O gato pobre respondeu:
-Para que você quer saber? Eu nem lhe conheço.
-Se não quer me mostrar, é porque roubou de alguém.
-Você não tem o que fazer, não? Só sabe debochar dos outros.
-Não é isso.
-Então, por que quer saber o que tem no meu saco?
-É só curiosidade.
-Mas, não vou deixar. Posso ir, agora?
-Não.
-Por quê?
-Não vá, eu quero ver o que tem no seu saco.
-Já que insiste...
Pepe se surpreendeu quando olhou o saco, pois era apenas uma caixa, com um papel, onde estava escrito: “Nunca menospreze os outros, ou do contrário vai se surpreender”.
MORAL DA HISTÓRIA: Nunca desconfie de ninguém, porque você pode se arrepender.
O CACHORRO E O PATO
YRIS NATÁLIA DA SILVA BARROS
Numa fazenda muito distante da cidade, moravam vários animais, dentre eles o cachorro e pato, mas esses dois nunca se deram bem.
Um dia, o cão resolveu ir embora sem avisar a ninguém. No caminho, ele começou a falar sozinho:
-Eu só vou embora, por causa do pato.
Ao amanhecer o dia, o pato não encontrou o cachorro, então começou a dizer:
-Onde está aquele cachorro chato???
Aconteceu que, o cão começou a sentir falta do pato e o pato dele, assim o cão, com muita saudade, resolveu voltar.
MORAL: É preciso perceber a importância que têm aqueles que convivem
com a gente.
A GIRAFA E O MACACO
Elysbete Fernandes Guimarães
Certo dia, um macaco ia passeando, e de repente avistou um zoológico, então decidiu ir lá. Ele estava com muito medo de alguém do zoológico pegá-lo, mesmo assim foi ao local.
Quando chegou, viu uma gigantesca girafa, então resolveu ficar conversando com ela, para ver se ficavam amigos, e conseguiu mesmo. Na hora do jantar um funcionário do zoológico amarrou todos os animais, depois eles começaram a comer. A girafa conseguiu se soltar, pegou o macaco e saiu correndo com ele. Ela correu tanto que ninguém conseguiu alcançá-la. Ao achar um belo cacho de bananas, foi tentar pegar para dividir com o macaco, porém o cacho estava muito baixo e não conseguiu pegá-lo.
O macaco, mais que ligeiro, pegou o cacho e saiu às pressas e não se lembrou da girafa. O animal de pescoço alongado ficou muito triste e foi caminhando.
O macaco encontrou um outro cacho de bananas, mas agora seria a vingança da girafa: o cacho estava muito alto, o macaco era muito baixo e não conseguiria alcançá-lo.
A girafa não quis se vingar, mesmo depois do que o macaco tinha feito, repartiu tudo com ele .
O macaco ficou envergonhado, e saiu pulando até hoje.
MORAL: A Vingança não vale a pena.
O DESAFIO
Maria Edinara Costa
Numa bela manhã de sábado, toda a bicharada estava reunida, inclusive Tatá, o grilo sabichão e a formiga Nina. Os dois, como sempre, viviam brigando e disputando para saber quem corria mais.
Tatá propôs um desafio para Nina, assim iriam tirar essa dúvida. Eles marcaram uma corrida. Tatá ficou zombando de Nina, pois ela nunca conseguiria ir ao outro lado da floresta, por ser pequena.
Chegou a hora esperada, todos estavam lá, então a corrida começou. O grilo saiu na frente, depois ficou cansado e decidiu tomar um pouco de água num riacho que tinha ali perto. Nem se preocupou com o tempo, pois achava que a formiga nunca iria ganhar. Chegando ao riacho, ele encontrou uma barata e os dois começaram a conversar.
Nada do grilo lembrar da corrida, quando se lembrou, era tarde demais, pois Nina já tinha vencido a corrida.
MORAL: Nunca devemos zombar dos outros pelo tamanho, nem por idade, pois todos somos capazes de algo, basta acreditar.
O COELHO E A CABRA
Ana Cíntia da Silva Rocha
Um belo dia, o coelhinho saiu para colher cenouras, e acabou deixando a porta de sua casa aberta. Ao voltar, ele percebeu que a casa estava fechada, então pensou:
-Quem está aí dentro?
O coelho bateu à porta e, apareceu uma cabra dizendo:
- Saia da minha casa! Eu sou a cabra Cabrez, te dou um salto e te parto em três.
O coelhinho saiu correndo, viu um boi, pediu:
- Seu boi uma cabra invadiu minha casa, ainda disse que me dá um salto e me parte em três. Ajude-me, seu boi.
O boi teve medo, e disse para o coelho que estava muito ocupado.
O coelho viu o cachorro dormindo, e disse:
- Acorda pra latir.
Respondeu o cachorro:
- Au, au!!!
O coelho pediu:
- Seu cachorro, pode me ajudar? A cabra Cabrez invadiu minha casa e ela disse que me dava um salto e me partia em três.
O cachorro estava com muito sono e preferiu voltar a dormir.
Assim, o animalzinho se desesperou e começou a chorar, quando veio uma abelhinha bem pequena e disse:
_ Por que está chorando, coelhinho?
Ele respondeu:
_ Por que a cabra Cabrez invadiu minha casa, e ela disse que me dá um salto e me parte em três.
A abelhinha foi até a casa do coelho e bateu à porta. A cabra já queria saltar em cima da abelha, mas a abelha deu uma ferroada tão forte na cabra, que ela correu e nunca mais se ouviu falar na cabra Cabrez.
MORAL: Tamanho não é documento.
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