FÁBULAS

O que é uma fábula?

A fábula é uma narrativa alegórica em forma de prosa ou verso, cujo, as personagens são geralmente animais com características humanas, sustentam um diálogo, cujo desenlace reflete uma lição de moral, característica essencial dessa. É uma narrativa inverossímil, com fundo didático. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe o nome de apólogo. A temática é variada e contempla tópicos como a vitória da fraqueza sobre a força, da bondade sobre a astúcia e a derrota de presunçosos.



Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.
Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata.
Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora.
Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva.
Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão.
Moral da história:Uma boa ação ganha outra. 




Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga.
A lebre vivia caçoando da lerdeza da tartaruga.
Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida.
A lebre muito segura de si, aceitou prontamente.
Não perdendo tempo, a tartaruga pois-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes.
Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar.


Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr.
Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada toda sorridente.

Moral da história: Devagar se vai ao longe!




Era uma vez um cão, que ia atravessando um rio; levava na boca um suculento pedaço de carne. Porém, viu na água do rio a sombra da carne, que era muito maior.
Prontamente ele largou seu pedaço de carne e mergulhou no rio para pegar o maior. Nadou, nadou e não achou nada, e ainda perdeu o pedaço que levava.

Moral da história: Nunca deixes o certo pelo duvidoso. De todas as fraquezas humanas a cobiça é a mais comum, e é todavia a mais castigada.




Um rato que morava na cidade, acertando de ir ao campo, foi convidado por outro, que lá morava, e levando-o à sua cova, comeram ambos cousas do campo, ervas e raízes.
Disse o rato da cidade ao outro: – Por certo, compadre, tenho dó de ti, e da pobreza em que vives. Vem comigo morar na cidade, verás a riqueza, e a fartura que gozas. Aceitou o rústico e vieram ambos a uma casa grande e rica, e entrados na despensa, estavam comendo boas comidas e muitas, quando de súbito entra o despenseiro, e dois gatos após ele. Saem os ratos fugindo. O de casa achou logo seu buraco, o de fora trepou pela parede dizendo:
 -Ficai vós embora com a vossa fartura; que eu mais quero comer raízes no campo sem sobressaltos, onde não há gato nem ratoeira. 
Moral da história: Mais vale magro no mato, que gordo na boca do gato.




Numa tarde, andava um grande Touro passeando ao longo da água, e vendo-o a Rã tão grande, tocada de inveja, começou de comer, e inchar-se com vento, e perguntava às outras rãs se era já tão grande como parecia? Responderam elas: Não!!! Pensa a Rã segunda vez, e põe mais força por inchar; e aborrecida por faltar muito para se igualar o Touro inchou de novo, mas tão rijamente, que veio a arrebentar com cobiça de ser grande.

Moral da história: Não cobiçar as coisas alheias!


Um corvo que passeava pelo campo, apanhou um pedaço de queijo que estava no chão e fugiu, acabando por pousar sobre uma árvore.
A raposa observando-o de longe sentiu uma enorme inveja e desejou de todo, comer-lhe o queijo. Assim pós-se ao pé da árvore e disse: Por certo que és formoso, e gentil-homem, e poucos pássaros há que te ganhem. Tu és bem-disposto e muito falante; se acertaras de saber cantar, nenhuma ave se comparará contigo.
O corvo soberbo de todos estes elogios, levanta o pescoço para cantar, porém abrindo a boca o queijo caiu-lhe. A raposa apanhou e foi-se embora, ficando o corvo faminto e corrido da sua própria ignorância.
Moral da história: Não dês ouvidos a quem te inveja.

Editado por:(Jean de LA Fontaine)


Num dia soalheiro de Verão, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um grão de milho que arrastava para o formigueiro. 
- Por que não ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? – Perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de arrecadar comida para o Inverno – respondeu-lhe a Formiga. – Aconselho-te a fazeres o mesmo.
Ao que a cigarra respondeu:
- Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida não nos falta... – respondeu a cigarra, olhando em redor. 
A Formiga não respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra não tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Verão. Distribuíam-na diariamente entre si e não tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal...                                                              

Moral da história: Não penses só em divertir-se. Trabalhe e pense no futuro.




Um gato de nome Faro-Fino fez tais estragos na rataria de uma casa velha que os sobreviventes, sem coragem para saírem das tocas, estavam quase a morrer de fome.
Tornando-se muitíssimo séria a situação, resolveram reunir-se em assembleia para o estudo da questão.
Aguardaram para isso, e certa noite em que Faro-Fino andava pelos telhados, fazendo versos à lua.
- Penso – disse um deles _ que o melhor meio de nos defendermos de Faro-Fino é atando-lhe um guizo ao pescoço. Assim, quando ele se aproximar, o guizo denuncia-o e fugimos a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa ideia. O projeto foi aprovado por unanimidade. Só votou contra um rato bastante casmurro, que pediu a palavra e disse:
- Está tudo muito certo. Mas quem vai amarrar o guizo ao pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral. Um desculpou-se por não saber dar nós. Outro, porque não era tolo. Todos, porque não tinham coragem.
E a assembleia dissolveu-se no meio de geral consternação.

- See more at: http://www.historias-infantis.com/a-assembleia-dos-ratos/#sthash.sBKJtEwk.dpuf




 A  CEGONHA  E  A  TARTARUGA

- Vou partir para as terras quentes do sul – declarou a cegonha com visível orgulho. – Desde que anunciaram tempos difíceis, não penso noutra coisa.
- Quem é que anunciou tempos difíceis? – perguntou a tartaruga num bocejo.
- O boletim meteorológico. Falaram de vento, chuva, frio, enfim só coisas desagradáveis. Eu, sempre que posso, fujo do que me aborrece.
- Foge?- perguntou a tartaruga.
- Bom, é uma força de expressão. Sabes que aproveito todos os pretextos para uma viagenzinha.
Certa de que despertaria inveja, a cegonha pôs-se a descrever as delícias que desfrutava nas suas deslocações:
- Oh! Levantar voo, bater asas, lançar-me à aventura! Hoje uma terra, amanhã outra… você sabe lá o que a gente encontra por esse mundo fora. Existem tantos animais!
- Imagino – respondeu a tartaruga.
- Não imagina, não. Ora diga-me, consegue fazer passar pela sua cabeça uma manada de bichos que parecem pacíficos e de trato fácil, mas que afinal são indomáveis e nunca nada nem ninguém conseguiu domesticar?
- São zebras.
Um pouco desconsolada, a cegonha insistiu:
- E um mastronço de pele dura como a sola, míope, neurótico e com um corno só?
- Nada mais fácil. É o rinoceronte.

- Como é que você, sem sair de casa, sabe estas coisas?
- É fácil. Tenho em casa muitos livros. Não me desloco, mas viajo pelos caminhos da leitura. Só preciso de óculos e de imaginação!

- See more at: http://www.historias-infantis.com/a-cegonha-e-a-tartaruga/#sthash.IQgiXZmR.dpuf







Um Jabuti seguia uma vez distraído, pensando nas coisas da vida, por um caminho no meio do mato, quando esbarrou com uma velha e enorme Anta, enforcada num laço, que caçadores haviam armado. Mais que depressa principiou a roer a corda que prendia o pescoço do bicho, e depois de esconder a corda, num buraco, começou a gritar.





Dona Onça, que passeava na ocasião, foi ver o  motivo por  que tanto gritava o Jabuti.  Jabuti disse que estava chamando  todos para comerem a Anta que ele havia caçado.
-" Queres que eu parta a Anta?" propôs a Onça.
-"Quero sim. Dividirás a metade para mim e a outra para ti", disse  Jabuti.
-"Então, vá apanhar lenha para assarmos toda essa carne", retrucou a Onça.
Quando o Jabuti voltou só encontrou a carcaça da Anta.







-"Deixa estar, Onça velhaca, hás de me pagar algum dia esse desaforo!"
Saindo dali, andou por muitos dias seguidos. Ia pelo caminho pensando em como iria se vingar, quando encontrou um bando de macacos, em cima de bananeiras.
-"Olá, compadre macaco, atira uma banana para mim", disse o Jabuti.
_"Porque não sobes? Não és tão prosa, Jabuti?"
-"Vim de muito longe, estou cansado!"
-"Pois então eu  trarei aqui para cima!"
-"Tudo bem, amigo Macaco!"
O Macaco desceu,e colocou  Jabuti em cima de um galho na árvore.
Depois de três dias, apareceu a Onça que lhe havia enganado por causa da Anta.
-"Olá, Jabuti, como você subiu nessa árvore?"
-" Para descansar, amiga Onça!"




A Onça, que estava com fome, disse:
-"Desce aqui , amigo Jabuti!"
-" Só se me aparares com a boca!"
A Onça abriu a boca e o Jabuti pulou em sua garganta, matando-a.
Então, o Jabuti saiu gritando:
-"Matei uma onça...matei uma onça!"
E foi procurando um lugar para se esconder.
Uma outra Onça que passava, ouviu-o e perguntou:
-" ´Jabuti, o que estás dizendo?"
-"Não é nada, Onça, é cá uma cantiga que sei!"
E correu para o buraco para se esconder.
Assim que chegou bem fundo, parou e disse:
-"Ó Onça, sabes  o que eu estava cantando? E isto: matei uma Onça.Vá ver embaixo das bananeiras!"
A Onça correu para pegá-lo mas o Jabuti meteu-se pelo buraco, onde a Onça também introduziu a pata, segurando-o por uma das pernas.
-" O Onça, pensas que apanhaste a minha perna, mas seguraste uma raiz da árvore!"
A Onça largou a perna do Jabuti e retirou a pata do buraco.
-"Ó sua tola, foi a minha perna mesmo que seguraste. Agora, vai ver a tua parenta embaixo das bananeiras!"
A Onça ainda cavava um bocado, para ver se pegava o Jabuti, mas este já estava longe, porque o buraco era muito fundo.Desde esse dia, a Onça anda à procura do Jabuti para se vingar, mas ate hoje não o encontrou!

                   O  PORQUINHO  FUJÃO





Era uma vez, um porquinho chamado Binho.  Ele era muito comilão e vivia reclamando da pouca comida que recebia em casa.
 Certa ocasião Binho foi jantar com seus pais e tornou a reclamar da pequena quantidade de comida que estava recebendo. Já muito zangado, seu pai falou alto com ele:

- Não está satisfeito,não está feliz?  Então saia e vá trabalhar pra se manter!

Binho irritado, pegou alguns pertences e resolveu sair de casa.

- Vou mesmo e não volto mais…

Alguns   dias se passaram e como Binho estava mal, sem conseguir trabalho e sem comer também,  repensou sua atitude e resolveu voltar pra casa.

 Lá chegando encontrou seus pais, e chorando disse:

- Papai, o senhor tinha razão, eu  estava errado e me arrependo. Pois é muito melhor ter o pouco garantido todos s dias do que ficar pelas ruas mendigando e com fome.Nunca mais vou reclamar de nada!

E daquele dia em diante, Binho se tornou um porquinho obediente e muito mais feliz! Ele compreendeu que, por mais simples que seja, não existe lugar melhor no mundo que o nosso lar!




            A BATALHA NA NEVE


Os coelhinhos gostam de ir ao jardim de infância,todo dia.Também com neve e gelo,pois movimentam-se e o frio então passa. 
À noite nevou a de manhã tudo está coberto com uma grossa camada de neve. 



Os coelhinhos correm para fora.De tanta alegria alguns fazem cambalhotas na neve.
O que o coelhinho  Puque está querendo ? 

Ele faz bolas de neve e as joga nos outros.Logo os outros jogam de volta e já começa a maior batalha de bolas de neve. 

Todos se mexem! 

"Pega "! - " Agarra "! -" Aih "! - " Espera só "! - " Assim "! escuta-se pela mata. 
Bums ! Uma bola de neve acerta a cabeça de Pim." Huuu ! 


Ele começa a chorar. 

"Não seja dengoso,Pim! " Alguém lhe bate amigavelmente nas costas." Em troca você pode me derrubar na neve ! " 
Não é preciso repetir ,pois todos já estão participando da brincadeira outra vez.





Uma raposa passou embaixo de uma parreira carregada de lindas uvas.
Ficou com muita vontade de comer aquelas uvas que pareciam deliciosas.

Deu muitos saltos, tentou subir na parreira, mas não conseguiu.
Depois de muito tentar resolveu ir embora, dizendo:
— Eu nem estou ligando para as uvas. Elas estão verdes,mesmo!


No entanto, o vento soprou na parreira e algumas folhas caíram ao chão.
Rapidamente a raposa voltou correndo, farejando para ver se encontrava alguma uva espalhada pelo chão!

MORAL DA HISTÓRIA: QUEM DESDENHA QUER COMPRAR...



         A PATINHA ESMERALDA


Meu nome é Esmeralda.

Antes de nascer, eu era assim, um ovo!
Depois de um tempo, quebrei a casca e saí de dentro e agora sou uma patinha.
Foi então que  eu vi que tinha muitos irmãos patinhos. E todos eles gostam de banho de sol pela manhã. Eu também!

Então, eu fico com muita sede.Mas sou desastrada e muitas vezes caio na tigela ao tomar água.
Os patos gostam de se refrescar nadando no lago. É uma aventura muito divertida.

Certa vez, um ganso correu atrás de mim. Acho que os gansos não gostam de patinhos como eu.
Os patos adultos comem milho. Mas eu sou pequena, por isso, como farelo de fubá com água para não engasgar.

No final da tarde, mamãe pata fica contente ao ver seus filhotes em fila atrás dela, voltando para casa.


                 
                  O ASNO E O CAVALO

                                                                                              La Fontaine



Um asno, de passos muito lentos, não estava mais suportando o pesadíssimo fardo que tinha de carregar todos os dias, por conta do trabalho de seu dono. Vendo  seu amigo cavalo, que estava parado descansando, o asno falou:
- Amigo,  podes dividir a carga, pois estou muito cansado! Se assim continuar, muito em breve morrerei!


O cavalo, sem dar confiança, respondeu:
-Nada tenho a ver com isso. O problema é seu!
E continuou no mesmo lugar, descansando.
Tempos depois, não suportando tanto peso e trabalho, morreu o burro.
Imediatamente, o dono do cavalo colocou toda a carga que era do burro, no lombo do cavalo, que quase não aguentava tanto peso. Era enormes sacas de arroz!
E foi assim que um, que se achava  esperto, acabou bancando o otário, pagou um alto preço por não ter sido solidário!

Contos, fabulas e historinhas: O Asno e o Cavalo


Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda. 

Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento. 

A galinha ruiva teve a idéia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar! 

Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. 

Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé? 

Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho? 

Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo? 

Foi pensando nisso que a galinha ruiva encontrou seus amigos: 

- Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo? 

- Eu é que não, disse o gato. Estou com muito sono. 

- Eu é que não, disse o cachorro. Estou muito ocupado. 

- Eu é que não, disse o porco. Acabei de almoçar. 

- Eu é que não, disse a vaca. Está na hora de brincar lá fora. 

Todo mundo disse não. 

Então, a galinha ruiva foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno. 

Quando o bolo ficou pronto ... 

Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. 

Então a galinha ruiva disse: 

- Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo? 

Todos ficaram bem quietinhos. ( Ninguém tinha ajudado.) 

- Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar a descansar olhando. 

E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado. 







                                                                              Jean de La Fontaine
Um leão, cansado de tanto caçar, dormia espichado à sombra de uma boa árvore. Vieram uns ratinhos passear em cima dele e ele acordou.

Todos conseguiram fugir, menos um, que o leão prendeu embaixo da pata. 

Tanto o ratinho pediu e implorou que o leão desistiu de esmagá-lo e deixou que fosse embora. 

Algum tempo depois, o leão ficou preso na rede de uns caçadores. Não conseguia se soltar, e fazia a floresta inteira tremer com seus urros de raiva. 






Nisso, apareceu o ratinho. Com seus dentes afiados, roeu as cordas e soltou o leão. 

Uma boa ação ganha outra.

Contos, fabulas e historinhas: O Leão e o Ratinho









(Hans Christian Andersen)




A mamãe pata tinha escolhido um lugar ideal para fazer seu ninho: um cantinho bem protegido, no meio da folhagem, perto do rio que contornava o velho castelo.


Mais adiante estendiam-se o bosque e um lindo jardim florido.

Naquele lugar sossegado, a pata agora aquecia pacientemente seus ovos. 








Por fim, após a longa espera, os ovos se abriram um após o outro, e das cascas rompidas surgiram, engraçadinhos e miúdos, os patinhas amarelos que, imediatamente, saltaram do ninho.






Porém um dos ovos ainda não se abrira; era um ovo grande, e a pata pensou que não o chocara o suficiente.
Impaciente, deu umas bicadas no ovão e ele começou a se romper.
No entanto, em vez de um patinho amarelinho saiu uma ave cinzenta e desajeitada. Nem parecia um patinho.



Para ter certeza de que o recém-nascido era um patinho, e não outra ave, a mãe-pata foi com ele até o rio e o obrigou a mergulhar junto com os outros.
Quando viu que ele nadava com naturalidade e satisfação, suspirou aliviada. Era só um patinho muito, muito feio.
Tranquilizada, levou sua numerosa família para conhecer os outros animais que viviam nos jardins do castelo.
Todos parabenizaram a pata: a sua ninhada era realmente bonita. Exceto um. O horroroso e desajeitado das penas cinzentas!

— É grande e sem graça! — falou o peru.
— Tem um ar abobalhado — comentaram as galinhas. 

O porquinho nada disse, mas grunhiu com ar de desaprovação. 

Nos dias que se seguiram, as coisas pioraram. Todos os bichos, inclusive os patinhos, perseguiam a criaturinha feia. 

A pata, que no princípio defendia aquela sua estranha cria, agora também sentia vergonha e não queria tê-lo em sua companhia.

O pobre patinho crescia só, malcuidado e desprezado. Sofria. As galinhas o bicavam a todo instante, os perus o perseguiam com ar ameaçador e até a empregada, que diariamente levava comida aos bichos, só pensava em enxotá-lo.

Um dia, desesperado, o patinho feio fugiu. Queria ficar longe de todos que o perseguiam.

Caminhou, caminhou e chegou perto de um grande brejo, onde viviam alguns marrecos. Foi recebido com indiferença: ninguém ligou para ele. Mas não foi maltratado nem ridicularizado; para ele, que até agora só sofrera, isso já era o suficiente.

Infelizmente, a fase tranquila não durou muito. Numa certa madrugada, a quietude do brejo foi interrompida por um tumulto e vários disparos: tinham chegado os caçadores!

Muitos marrequinhos perderam a vida. Por um milagre, o patinho feio conseguiu se salvar, escondendo-se no meio da mata.

Depois disso, o brejo já não oferecia segurança; por isso, assim que cessaram os disparos, o patinho fugiu de lá. 










Novamente caminhou, caminhou, procurando um lugar onde não sofresse.

Ao entardecer chegou a uma cabana. A porta estava entreaberta, e ele conseguiu entrar sem ser notado. Lá dentro, cansado e tremendo de frio, se encolheu num cantinho e logo dormiu.

Na cabana morava uma velha, em companhia de um gato, especialista em caçar ratos, e de uma galinha, que todos os dias botava o seu ovinho.

Na manhã seguinte, quando a dona da cabana viu o patinho dormindo no canto, ficou toda contente.

— Talvez seja uma patinha. Se for, cedo ou tarde botará ovos, e eu poderei preparar cremes, pudins e tortas, pois terei mais ovos. Estou com muita sorte! 

Mas o tempo passava, e nenhum ovo aparecia. A velha começou a perder a paciência. A galinha e o gato, que desde o começo não viam com bons olhos recém-chegado, foram ficando agressivos e briguentos.
Mais uma vez, o coitadinho preferiu deixar a segurança da cabana e se aventurar pelo mundo.
Caminhou, caminhou e achou um lugar tranqüilo perto de uma lagoa, onde parou.
Enquanto durou a boa estação, o verão, as coisas não foram muito mal. O patinho passava boa parte do tempo dentro da água e lá mesmo encontrava alimento suficiente.
Mas chegou o outono. As folhas começaram a cair, bailando no ar e pousando no chão, formando um grande tapete amarelo. O céu se cobriu de nuvens ameaçadoras e o vento esfriava cada vez mais.
Sozinho, triste e esfomeado, o patinho pensava, preocupado, no inverno que se aproximava.
Num final de tarde, viu surgir entre os arbustos um bando de grandes e lindíssimas aves. Tinham as plumas alvas, as asas grandes e um longo pescoço, delicado e sinuoso: eram cisnes, emigrando na direção de regiões quentes. Lançando estranhos sons, bateram as asas e levantaram vôo, bem alto.
O patinho ficou encantado, olhando a revoada, até que ela desaparecesse no horizonte. Sentiu uma grande tristeza, como se tivesse perdido amigos muito queridos.
Com o coração apertado, lançou-se na lagoa e nadou durante longo tempo. Não conseguia tirar o pensamento daquelas maravilhosas criaturas, graciosas e elegantes. 
Foi se sentindo mais feio, mais sozinho e mais infeliz do que nunca.
Naquele ano, o inverno chegou cedo e foi muito rigoroso.
O patinho feio precisava nadar ininterruptamente, para que a água não congelasse em volta de seu corpo, criando uma armadilha mortal. Mas era uma luta contínua e sem esperança.
Um dia, exausto, permaneceu imóvel por tempo suficiente para ficar com as patas presas no gelo.
— Agora morrerei — pensou. — Assim, terá fim todo meu sofrimento.
Fechou os olhos, e o último pensamento que teve antes de cair num sono parecido com a morte foi para as grandes aves brancas. 
Na manhã seguinte, bem cedo, um camponês que passava por aqueles lados viu o pobre patinho, já meio morto de frio. 
Quebrou o gelo com um pedaço de pau, libertou o pobrezinho e levou-o para sua casa.
Lá o patinho foi alimentado e aquecido, recuperando um pouco de suas forças. Logo que deu sinais de vida, os filhos do camponês se animaram:
— Vamos fazê-lo voar! 
— Vamos escondê-lo em algum lugar!

Contos, fabulas e historinhas: O Patinho Feio
E seguravam o patinho, apertavam-no, esfregavam-no. Os meninos não tinham más intenções; mas o patinho, acostumado a ser maltratado, atormentado e ofendido, se assustou e tentou fugir. Fuga atrapalhada!

Caiu de cabeça num balde cheio de leite e, esperneando para sair, derrubou tudo. A mulher do camponês começou a gritar, e o pobre patinho se assustou ainda mais.

Acabou se enfiando no balde da manteiga, engordurando-se até os olhos e, finalmente se enfiou num saco de farinha, levantando uma poeira sem fim. br> A cozinha parecia um campo de batalha. Fora de si, a mulher do camponês pegara a vassoura e procurava golpear o patinho. As crianças corriam atrás do coitadinho, divertindo-se muito.

Meio cego pela farinha, molhado de leite e engordurado de manteiga, esbarrando aqui e ali, o pobrezinho por sorte conseguiu afinal encontrar a porta e fugir, escapando da curiosidade das crianças e da fúria da mulher.

Ora esvoaçando, ora se arrastando na neve, ele se afastou da casa do camponês e somente parou quando lhe faltaram as forças.

Nos meses seguintes, o patinho viveu num lago, se abrigando do gelo onde encontrava relva seca. 

Finalmente, a primavera derrotou o inverno. Lá no alto, voavam muitas aves. Um dia, observando-as, o patinho sentiu um inexplicável e incontrolável desejo de voar.

Abriu as asas, que tinham ficado grandes e robustas, e pairou no ar. Voou. Voou. Voou longamente, até que avistou um imenso jardim repleto de flores e de árvores; do meio das árvores saíram três aves brancas.

O patinho reconheceu as lindas aves que já vira antes, e se sentiu invadir por uma emoção estranha, como se fosse um grande amor por elas.

— Quero me aproximar dessas esplêndidas criaturas — murmurou. — Talvez me humilhem e me matem a bicadas, mas não importa. É melhor morrer perto delas do que continuar vivendo atormentado por todos.

Com um leve toque das asas, abaixou-se até o pequeno lago e pousou tranqüilamente na água.

— Podem matar-me, se quiserem — disse, resignado, o infeliz.

E abaixou a cabeça, aguardando a morte. Ao fazer isso, viu a própria imagem refletida na água, e seu coração entristecido deu um pulo. O que via não era a criatura desengonçada, cinzenta e sem graça de outrora. Enxergava as penas brancas, as grandes asas e um pescoço longo e sinuoso.




Ele era um cisne! Um cisne, como as aves que tanto admirava.

— Bem-vindo entre nós! — disseram-lhe os três cisnes, curvando os pescoços, em sinal de saudação. 

Aquele que num tempo distante tinha sido um patinho feio, humilhado, desprezado e atormentado se sentia agora tão feliz que se perguntava se não era um sonho!

Mas, não! Não estava sonhando. Nadava em companhia de outros, com o coração cheio de felicidade. 

Mais tarde, chegaram ao jardim três meninos, para dar comida aos cisnes.

O menorzinho disse, surpreso:

— Tem um cisne novo! E é o mais belo de todos! E correu para chamar os pais.

— É mesmo uma esplêndida criatura! — disseram os pais.
E jogaram pedacinhos de biscoito e de bolo. Tímido diante de tantos elogios, o cisne escondeu a cabeça embaixo da asa.
Talvez um outro, em seu lugar, tivesse ficado envaidecido. Mas não ele. Seu coração era muito bom, e ele sofrera muito, antes de alcançar a sonhada felicidade.

Contos, fabulas e historinhas: O Patinho Feio


Nenhum comentário:

Postar um comentário